O arrombamento do rombo, o aumento do Judiciário e os cortes temerários


Por Fernando Lobato_Historiador

Sabemos que dinheiro não dá em árvore, mas creio que a maioria ainda não sabía que o governo pode fazer desaparecer uma montanha dele numa única canetada para, logo em seguida, fazê-lo reaparecer numa outra canetada. Sabemos que mágicas não existem e que tudo não passa de truque bem feito para enganar nossa percepção, fato que nos obriga a, tal qual o Mister M, revelar o que se esconde por detrás da ilusão.  Para fazer tal “mágica”, Temer arrombou ainda mais o que já estava arrombado - o orçamento 2016 -, ou seja, ampliou um buraco já existente para que mais coisas pudessem caber dentro dele. No novo espaço criado,  será acomodado o aumento que o STF exigia de Dilma e que ainda não tinha sido atendido. Aumento que Temer julga necessário para conseguir o afastamento definitivo daquela que ameaça a continuidade do que obteve com uma “mágica” bem mais simples de realizar, a cooptação da maioria do Legislativo com cargos, oportunidades de ganhos e privilégios.
O grande problema da “mágica” do arrombamento do já arrobado é que ela implicará na necessidade futura de escavar novas áreas para tapar a enorme cratera que ficará aberta. De onde virá a “terra” necessária para isso? Da recriação da CPMF ou de qualquer outro imposto que pesará ainda mais nas costas da população trabalhadora. Essa mesma população que tem uma carga tributária muito próxima da Suécia e da Dinamarca, mas que sequer tem rodovias afastadas, a menos que pague pedágios bem caros.  Não vou nem falar da saúde ou da educação pública que nos deveria ser dada, porque já está claro que o resto da “terra” virá também da precarização ainda maior de escolas, hospitais e da redução dos programas sociais. Tudo isso punirá ainda mais os que mais precisam desse ser chamado estado ou leviatã, ou melhor, daqueles que dependem desse monstro que tem o hábito de devorar os pequenos e os mais humildes quando a fome o aperta.  

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