A consumação do GOLPE, o medo que travou a esperança e a Geni da letra do Chico Buarque


Por Fernando Lobato_Historiador

Não foi a esperança que venceu o medo com a vitória de Lula em 2002, foi o medo que travou a esperança de um Brasil bem mais justo com a passagem do PT pela presidência, encerrada neste 31 de agosto com a consumação de um GOLPE PARLAMENTAR já esperado. Medo, primeiro, de Lula e da cúpula do PT liderada por José Dirceu, que selaram um pacto com as elites em nome de uma governabilidade que foi ficando cada vez mais ingovernável. Medo também das elites, que aceitaram esse pacto porque sabiam que uma ação autoritária, em 2002, era perigosa e temerária, visto o grande avanço da sociedade civil que deu suporte ao petismo (comunidades eclesiais de base, CUT, intelectuais, artistas, movimentos sociais em geral, etc). Lula não era o Zagalo, mas o fato é que as elites tiveram que engoli-lo visto que, tal como Getúlio Vargas no início dos anos 40, era um personagem, além de necessário, também estratégico para a limitação e controle do apetite de direitos e garantias exigidos pelas classes que se viam representadas por ele.
No poder, Lula cumpriu “religiosamente” o pacto não mexendo nos privilégios das elites e, por isso, nenhuma das grandes reformas que o país tanto precisa chegou a sair do papel (Agrária, Tributária, Política, Urbana, etc). Em vez de reformas, Lula distribuiu pequenos benefícios às classes mais desfavorecidas (crédito, melhoria salarial, moradia, etc)  e, no lugar do petismo – um projeto de efetiva transformação econômica e social do país -, fortaleceu-se o Lulismo, ou seja, a noção de Lula como o novo pai dos pobres. Com o fortalecimento do Lulismo, o PT foi se enchendo de oportunistas e, o pior de tudo, deixando de ser ideológico, ou seja, comprometido com a justiça social.  De partido dos trabalhadores, foi, passo a passo, se tornando partido da burguesia, chegando a ficar bem parecido com o PSDB. O problema é que a burguesia nunca o considerou como tal e aguardava o momento certo para chutá-lo e, por conseqüência, romper o pacto de 2002. O primeiro momento apareceu já em 2006 quando estourou a crise do mensalão, mas o Lulismo se mostrou ainda muito forte e a tentativa acabou abortada.
       Dilma, de 2010 a 2014, foi uma gestora bem melhor que seu antecessor, mas diferentemente deste, nunca teve jogo de cintura e, pelo que parece, além de marrenta na renovação dos pactos deixados por Lula, começou também a sabotá-los de forma indireta, seja dando força e estrutura ao MPF e PF, seja usando a estrutura pública para limitar a dependência do governo diante do setor privado (política de redução de juros e esforços pela criação do fundo do BRICS são exemplos). Penso que foi aí que a luz amarela das elites acendeu de vez e a queda de Dilma era uma questão de tempo. O ataque veio através do financiamento de uma série de organizações criadas para denegrir a imagem do petismo e de toda e qualquer pregação mais à esquerda (MBL, Revoltados On-line e outros). O objetivo principal era a derrota de Dilma nas urnas em 2014, mas o plano fracassou. Sabedora do poder de seus algozes, Dilma acenou com uma renovação do pacto de 2002 escolhendo Joaquim Levi para a Fazenda e dando início a uma agenda de maldades contra as classes trabalhadoras. Não foi suficiente.  As elites já estavam decididas a derrubá-la de qualquer jeito. Para isso, precisavam de uma situação que pudesse ser utilizada como cavalo de batalha e veio daí  o argumento dos decretos e das pedaladas. GOLPE É SEMPRE ASSIM, PRECISA DE UM ARGUMENTO, ainda que fajuto e sem nenhuma credibilidade. Apesar da presença de Chico Buarque apoiando Dilma nas tribunas do Senado, a letra desse gênio que resume esse triste espetáculo é a da GENI. Todos se serviram da Geni enquanto dela precisaram, mas agora é hora de atirar-lhe pedras e de cuspir-lhe na cara para garantir as boquinhas já prometidas pelo governo temerário que deixa de ser interino. No Amazonas, Braga, Alfredo e Omar são os maiores exemplos desse tipo de postura calhorda e cretina, vixe vixe diria o Ribamar Bessa.

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