A covardia togada, a "imunidade" de Renan e a ratificação da Ditadura de Mercado no Brasil




Por Fernando Lobato_Historiador

Marco Aurélio, ministro do STF, ao afastar Renan a oito dias do fim de seu mandato, buscou defender a honra do órgão ao qual pertence, visto que a sociedade o vê, cada vez mais, como cúmplice da imoralidade que preside o país. Seis de seus colegas (Celso de Melo, Teori, Toffoli, Fux, Lewandowski e Carmem Lúcia), ao decidirem que Renan pode presidir o Senado e não o país, manifestaram o entendimento de que corruptos e ladrões podem propor  e aprovar leis e até presidir as casas legislativas do pais, desde que não ocupem a Presidência da República. Resumindo, corruptos e ladrões podem nos assaltar fazendo uso do Poder Legislativo, ou seja, nos impondo leis extorsivas e injustas, tal como a PEC 55, prevista para ser votada em 2º turno no próximo dia 13. Corruptos e ladrões, portanto, continuarão rindo da nossa cara e nos impondo leis absurdas porque o STF entendeu que o afastamento de Renan, diferente do caso de Eduardo Cunha, “fere a independência entre os poderes”. Com essa decisão absurda, mas que não devia nos causar surpresa, o STF disse que dois pesos e duas medidas para o mesmo caso é um ato justo e correto. No dia de hoje, o país pode comprovar que, dependendo do caso, a justiça, literalmente, tira a venda dos olhos e esconde a espada.

As questões deixadas no ar foram: Porque Renan é diferente de Cunha? Porque ele não pode ser afastado da Presidência do Senado? A resposta é bem conhecida: PEC 55 ou do Teto dos Gastos Públicos, ou seja, a lei que o mercado financeiro exige e que garantiu não apenas a “absolvição” de Renan diante do STF, mas a própria ascensão e permanência de Temer na Presidência da República. Foi o mercado financeiro que elegeu Temer antes mesmo do impeachment de Dilma que, como já frisei aqui, se esforçou bastante para agradá-lo e evitar sua degola. Seus acenos e concessões, tais como a escolha de Levy para o Ministério da Fazenda e o ajuste fiscal por ele capitaneado, não foram considerados suficientes porque o mercado não quer medidas pontuais, mais um grande pacote que inclui Teto dos Gastos Públicos, Reforma Previdenciária, Legalização ampla, geral e irrestrita da Terceirização, Autonomia do Banco Central, controle sobre a emissão de moeda, aumento de impostos para quem trabalha e isenção, é claro, para os investidores e detentores de capital, ou seja, mais isenções e privilégios para quem lucra com a exploração do trabalho alheio e para os que aceitam ser cúmplices da mesma. O mercado financeiro, portanto, sempre teve um partido: o dos interesses dos ricos e muito ricos.


O STF, no julgamento de hoje, poderia nos dar uma forcinha afastando Renan e, com isso, nos ajudar a colocar “paus, pedras e entulhos” no caminho da aprovação desse pacote que o mercado quer enfiar por inteiro no fiofó do povo brasileiro. Temer, Renan, Jucá, Aécio, Serra e outros são figuras consideradas imprescindíveis para que esse desejo bizarro e cruel se concretize e, portanto, devem ficar a salvo da PGR, de Moro, do STF e de quem ousar atrapalhar os seus “serviços”. O mercado financeiro, conforme sempre frisei aqui, não quer o fim da corrupção no país porque ela faz parte do modus operandi de cooptação dos “pupilos” que recrutam para uma série de partidos que existem para lhe servir. 

Sem corrupção, esses pupilos não teriam tantas possibilidades de desfrute de benesses e privilégios. Sem corrupção, o “tesão” desses pupilos para ocupar cargos, sobretudo na linha sucessória presidencial, diminui bastante e isso, para o mercado financeiro, é uma situação muito perigosa porque abre possibilidades para que esses espaços sejam ocupados por pessoas probas e comprometidas com o interesse público. O Brasil precisa sim de um monte de pacotes legais, mas nenhuma daquelas que realmente precisamos (Reforma Tributária, Política, Urbana, Agrária, etc) sequer é cogitada pelos “caciques” das legendas irmanadas com o grande “cacique” Temer. A “DEMOCRACIA BRASILEIRA”, portanto, virou DITADURA DO MERCADO faz tempo, e, no dia de hoje, ela foi apenas ratificada e renovada. 

Comentários

  1. Parabéns, Lobato. Demonstrou bem o embuste orquestrado pelos 3 poderes da República e sua subserviência ao mercado.

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