O sinal vermelho, a CPI do Banestado e o desejo elitista de enterrar a Lava-jato

O velório de Teori foi muito mais simbólico do que se pode imaginar
Por Fernando Lobato_Historiador

A Lava-jato foi incensada pela dupla PSDB-DEM porque foi vista como meio para o afastamento do PT do poder, bem como por ser um breque nas pretensões  de Lula em 2018. Se Dilma terminasse o mandato e Lula vencesse em 2018, o PT poderia concluir 20 anos contínuos no Planalto, possibilidade que martelou a cabeça de tucanos e demistas a ponto de fazê-los jogar pro alto a compostura de oposição responsável que, diziam, o PT nunca teria sido. A opção pela “responsabilidade” opositora se explica também pela consciência de que a sua culpa no cartório é bem maior que a de seus rivais, fato que, inclusive, os fez aliviar a carga sobre Lula no auge do MENSALÃO. Com isso é possível dizer que o projeto golpista em aliança com o PMDB, foi, portanto, um ato de desespero e um atalho pra lá de arriscado para saciar a sede acumulada  de anos a fio sem o controle e - portanto das benesses – que a divisão de recursos administrados pela União confere.  Esse atalho, porém, os fez atravessar imprudentemente um sinal vermelho que até o PT recém chegado ao Planalto em 2003 fez questão de não atravessar. Falo aqui da CPI do BANESTADO de 2003.

A CPI do BANESTADO ocorreu porque revelou-se que muitos bilhões de dólares foram enviados ilegalmente para o exterior nos anos FHC (1994-2002) e, apesar da incerteza sobre os números do desfalque nas contas públicas, é certo dizer que foi muitas vezes maior do que o desviado no PETROLÃO (ver aqui).  E aí você deve estar se perguntando: Por quê, bem diferente de hoje, quase nada foi noticiado? A resposta tem haver com a mesma realidade atual, com a diferença de que, até o ano passado, nossa corrupção corriqueira e habitual desde a fundação da República em 1889, tinha sido instrumentalizada para interferir na titularidade do poder, no rearranjo da economia e, talvez no ano que vem, para justificar a implantação do PARLAMENTARISMO. A resposta, portanto, era que quase todo o sistema político e econômico estava envolvido de modo que ossos desenterrados da gestão FHC também afetariam boa parte do alto escalão de Lula que, já naquela época, tinha o atual ministro da Fazenda de Temer, Henrique Meirelles, então no Banco Central.

           Além de Gustavo Franco, José Serra e outros tucanos de alta plumagem, Roberto Marinho, dono da Rede Globo, foi um dos nomes do grande empresariado que surgiu no bolo das investigações, razão pela qual foram rapidamente sepultadas sem choro nem vela em nome da felicidade geral de nossas elites (ver aqui). O desfecho da CPI do BANESTADO é tudo que nossas elites desejam para a Lava-jato, pois esta já cumpriu o objetivo desejado e seu avanço significa a continuação de uma sangria não de sangue, mas de fezes com poder de causar não apenas ojeriza, mas, sobretudo, revolta generalizada da população contra o sistema que a oprime. Leandro Karnal, ao comentar a Greve da PM no Espírito Santo, sabe bem do que está falando (ver aqui). A trupe golpista no poder, portanto, fez um jogo tremendamente arriscado quando decidiu atravessar o sinal vermelho expondo, ainda que seletivamente, a podridão da qual é parte inseparável. O fedor se espalhou no ar a ponto de nos incomodar e provocar o desejo de eliminá-lo. Querem, todavia, nos provar que podemos e devemos conviver com ele. O problema é nos convencer disso e, sobretudo, ao MPF e PF de que é assim que tem que ser!!!!




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