Por Fernando Lobato_Historiador
Você acredita no sorteio eletrônico do STF para eleger Fachin como novo
relator da Lava-jato ou que Temer ficou mais de duas semanas matutando sobre a
escolha do substituto de Teori? Se a resposta é NÃO significa que você não é tolo nem desatento ao drama institucional que vivemos hoje no país. Fachin mudou de turma um dia
antes da votação para se viabilizar como candidato e, mesmo com apenas 20% de
chances, a “roleta” eletrônica não titubeou em cravar o seu nome (ver aqui),
logo ele, o único da primeira turma capaz de não lançar ainda mais descrédito
sobre um STF já bastante desacreditado na sua capacidade de ainda punir alguém
nos processos já apresentados pela PGR.
Quanto a Moraes,
é bom lembrar que seu nome surgiu um dia depois da morte de Teori, mas Temer, preferiu
fazer jogo de cena, antes de indicá-lo oficialmente (ver aqui). Estava claro,
desde o início, que o próximo ministro do STF seria necessariamente um tucano da confiança de
Temer, pois o que importa no momento é o total de votos favoráveis caso membros do PMDB, PSDB e DEM
venham a figurar como réus . O desejo de
Temer era que Moraes assumisse a relatoria da Lava-jato, mas, diante das
suspeitas em torno da queda do avião com o Teori, isso acabou descartado porque
seria escandaloso demais mesmo para um governo já acostumado com grandes escândalos. Além do conforto de ter Moraes no STF, é
possível que a trupe do poder conte ainda com uma certa lerdeza de Fachin,
temeroso que possa estar de ser a próxima vítima do deuseco infortúnio (ver aqui).
Se o medo pode
vir a afligir Fachin, até aqui ele parece
não ter afetado Janot, pois a PGR segue firme na apresentação de novas
denúncias. Se Renan tem 12 inquéritos,
Jucá 8 e se muitos outros podem estar a caminho do STF depois da homologação
das delações da Odebrecht, isso acontece porque Janot não teme viajar de avião
e um motivo para isso talvez esteja na força organizativa e operacional que o
MPF ganhou na última década. Força que a PEC 37 tentou anular, mas que as passeatas
de junho de 2013 impediram (ver aqui). Esse fato incentivou o MPF e a PGR a se
lançarem ainda mais ao ataque como meio de ser fortalecer institucionalmente perante a sociedade,
chegando, inclusive, a propor uma lei sobre corrupção que foi quase toda
adulterada na Câmara, mas que acabou barrada no seu avanço por decisão de Luiz
Fux, que mandou a Câmara restabelecer o projeto original. Nessa peleja contra
um parlamento prá lá de suspeito e envolvido em denúncias, gol de novo dos
procuradores do MPF (ver aqui).
Temer, Maia e Eunício, ou seja, Planalto e
Congresso, estão prontos senão para virar o jogo contra a PGR e o MPF, pelo
menos para impedir que continuem fazendo gols, fato que explica a pressão para
que o STF siga em passo de tartaruga ou se torne inoperante, pois mesmo que
percam a partida, é grande a possibilidade de que a mesma seja anulada,
seja pela prescrição dos crimes por decurso do tempo seja com a
aprovação de leis que possibilitem um portão salvacionista para todos os
ameaçados. Enquanto a peleja rola entre PGR/MPF X Planalto/Congresso, o papel
do STF como árbitro continua fundamental seja para o resultado final da partida
seja na efetiva punição dos que vierem a ser julgados. Apesar do
fio de esperança ainda vivo, sigo desconfiado e com a barba de molho, pois a
ditadura, apesar de parcial e incompleta, almeja ser total e a desordem e insegurança vigente no país colocam ainda mais sombras sobre o futuro.
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