Por Fernando Lobato_Historiador
Já sabíamos que
o tráfico de drogas é comandado por líderes do crime organizado de dentro das
cadeias, mas que o governo Temer é comandado do mesmo jeito ficamos sabendo
através de Renan Calheiros, o “ilustre coronel” alagoano que, em dezembro de
2016, não apenas desdenhou de ordem judicial como ainda forçou o STF a mantê-lo
na Presidência do Senado apesar de sua condição de réu (ver aqui e aqui). Segundo
Renan, o governo Temer é dirigido por Eduardo Cunha de dentro da cadeia, ou
melhor, por aquele que, durante a votação do impeachment de Dilma na Câmara, foi
chamado de gangster, ladrão e adjetivos similares (ver aqui). Renan fez essa
denúncia bombástica diante dos holofotes da mídia, mas esta, como de praxe em
relação a Temer, minimizou o fato ao mínimo do mínimo do minimizável e, dois dias depois,
nada mais se falou sobre o assunto.
Não é novidade
que Cunha chantageia Temer, pois até Moro já reconheceu isso quando vetou
perguntas dele ao ocupante do Palácio Jaburu, a quem arrolou como testemunha de
defesa em seu processo (ver aqui). A questão que importa, todavia, não é essa,
mas os motivos de Temer dizer sempre SIM às ordens de Cunha da cadeia, visto
que, conforme frisou Renan, já nomeou quase toda sua tropa de choque em altos
postos do governo: André Moura (PSC-SE) como líder no Congresso, Aguinaldo
Ribeiro (PP-PB) como líder na Câmara e Osmar
Serraglio (PMDB-PR) como novo Ministro da Justiça. Se não bastasse isso, botou
ainda Carlos Marun (PMDB-MS) no pomposo cargo de Presidente da Comissão
Especial da Reforma da Previdência (ver aqui). Por quê o mais fiel aliado de
Cunha ocupa um cargo tão estratégico para os interesses dos fiadores do atual
governo?
De tão
fortalecido que está dentro do Partido do Mais De um Bilhão (PMDB) – ver aqui -,
Cunha, através de Marun, já investe pesado contra a cúpula liderada por Jucá e Renan.
Dez dias atrás, Marun encaminhou carta à direção do PMDB cobrando o afastamento
do comando do partido dos denunciados na Lava-jato (ver aqui). Como sabemos, a
exigência de Marun nada tem haver com moralidade administrativa ou defesa de
boa imagem. Marun não dá a mínima para boa imagem perante a opinião pública, basta
lembrar a ferrenha luta que travou contra a cassação daquele que, pelo que se
vê, parece muito mais um chefe supremo (ver aqui). E se o alvo de Marun nada
tem haver com moralidade, com certeza tem tudo haver com a posse de mais poder
dentro da estrutura partidária e, por conseqüência, maior controle do Governo
Temer, motivo principal da bronca enciumada de Renan. Controle sobre o governo
Temer, considerando-se o perfil de Cunha, Marun e liderados, significa o quê?
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