Por Fernando Lobato_Historiador
A queda do
avião de Teori impediu que, já em fevereiro, viesse a público tudo o que agora jorra com a tal
Lista do Fachin (ver aqui). Com o atraso, Temer ganhou fôlego
para avançar com sua agenda de maldades que, segundo a “fé da seita neoliberal”,
provocará uma suposta recuperação da economia e esta, no fim das contas, o
absolverá de todos os pecados cometidos, pois o povo, feliz com a tal retomada
do crescimento, o verá de forma mais
satisfatória que Lula da Silva (ver aqui). Esse “mantra” insistentemente
repetido pelo “sacerdote-mor” Henrique Meirelles (Min. da Fazenda) parece transportar
Temer para um mundo paralelo onde, além dessa visão de um presidente redimido, está
também a de um presidente com sapatos e terno completamente enlameados, mas
envolvido por um denso e majestoso manto alvíssimo que, além de esconder toda a
lama nele impregnada, lhe daria uma aura de santidade capaz de anular os efeitos
de delações amplamente desfavoráveis. Embora prá lá de ilusória, Temer, para nossa
infelicidade, se esforça para interpretar bem o personagem, fato observado no vídeo
que gravou para rebater o delator que fala de sua “benção” sobre 40 milhões de
dólares em propinas (ver aqui e aqui).
Temer, portanto,
resolveu nos fazer crer que, apesar de ter presidido a Câmara dos Deputados por
três vezes e o PMDB por anos a fio, jamais ouviu falar ou tratou sobre
pagamento de propinas, muito embora tenha sido por muito tempo o líder máximo
de um partido que, junto com DEM, PSDB e outros, é famoso pelo envolvimento com
esquemas de corrupção (ver aqui). Amigo íntimo e fraterno de figuras como
Eduardo Cunha, Romero Jucá, Renan Calheiros, José Sarney, Henrique Eduardo
Alves, Geddel Vieira Lima e de um monte de outros nomes denunciados na lista de
Fachin, quer nos fazer crer que ele, apesar de rodeado o tempo todo de lama e
corrupção, nunca botou sequer um dedinho nela. Verdadeira a tese de Temer, o
caso mereceria até a indicação de seu nome para canonização ou beatificação,
pois seria um exemplo raríssimo de extrema proximidade com o mal sem se deixar influenciar minimamente por ele.
Não é, todavia, a primeira vez que Temer se vê
obrigado a jurar santidade publicamente. Na verdade, desde o escândalo do
mensalão do DEM de 2009, quando foi delatado por Durval Barbosa na Operação Caixa
de Pandora, ele vem jurando santidade (ver aqui). Outro momento foi depois da
delação de Sérgio Machado (ver aqui) e, não faz muito tempo, também no
escândalo Geddel denunciado por seu ministro da Cultura (ver aqui). Temer,
portanto, é profissional na “arte” de negar delatores e, sempre que o fato
ocorre, assume a postura do marido infiel que nega a infidelidade mesmo quando
pego na cama com outra. Não vai, portanto, ser canonizado ou beatificado, mas,
com certeza, é sério candidato ao título de cara de pau do século. Paulo Maluf,
que até hoje nega ter conta no exterior apesar de tantas provas em contrário,
deve estar impressionado com a desenvoltura de Temer nessa “arte”.
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