Por Fernando Lobato_Historiador
Depois dos raios e trovadas
que se abateram sobre Brasília, a bandidagem entrincheirada começou a
reaparecer jurando amores pelo Brasil e pelos desempregados do país. Com um
discurso previamente estruturado depois de dias ouvindo o áudio bomba nos
mínimos detalhes, acreditam ser possível manter Temer na presidência apesar de
tudo o que ele já escandalizou em apenas um ano de governo. Sua argumentação se estrutura em duas bases: 1- é preciso esperar a perícia que será feita pela
PF no áudio bomba e 2 – o Brasil não pode parar com a delação da JBS, pois o
trâmite das REFORMAS DO MAL precisa seguir seu curso, apesar de toda a podridão
até aqui exposta.
O discurso ensaiado revela os trunfos de Temer para se
impor diante de uma nação enojada com o odor da podridão suspensa no ar. O primeiro
diz respeito ao motivo central que o levou ao Planalto, ou seja, concentrar e
organizar esforços para anular a Lava jato, ou seja, para minimizar o poder de
fogo do MPF e da PF, visto que Dilma, segundo a bandidagem que lhe dava apoio
no congresso, estaria sendo negligente demais nessa tarefa. Temer, macaco velho
em comandar esquemas desde os tempos de Secretário de Segurança de São Paulo,
dispunha, portanto, da total confiança dessa canalha viciada nas propinas e no caixa
2 que a vida parlamentar corrupta lhe confere. É essa confiança que dá a Temer
um trunfo dos mais eficazes sobre essa cambada, visto que a sua queda significa
também o fracasso da tentativa de estancar a sangria da Lava jato, explícita em
outro áudio bomba: a conversa entre Sérgio Machado e Romero Jucá (ver aqui).
O outro grande trunfo de Temer é a encomenda ainda não totalmente entregue a outro grupo que não se diferencia muito da organização criminosa do
congresso, ou seja, os tubarões do mercado que financiam e controlam o nosso
sistema político. Com a saída antecipada de Temer, o tempo jogaria ainda mais
contra as REFORMAS DO MAL que encomendaram, pois tudo tem de estar feito antes
das eleições de 2018, visto que, como não há mais doações empresariais de
campanha, o resultado dela é incerto. Quem for assumir depois de Temer, portanto, já deve estar obrigado a se subordinar às novas regras que querem ver aprovadas. Regras que
consolidam ainda mais a subserviência do estado diante das corporações
privadas. O golpe que a bandidagem deu para rifar Dilma e promover Temer foi
também a janela histórica que se abriu para um golpe muito maior e mais
perverso, ou seja, o desmonte do estado de compromisso social que a
Constituição de 1988 determinou e que, mesmo na gestão petista, foi muito pouco
observado.
A sobrevida de Temer, portanto, ancora-se nos trunfos
que possui, bem como na apatia de uma população atônita e confusa. Enquanto a
encomenda não é entregue, a bandidagem tem um trunfo para continuar no poder e, enquanto nele permanece, tenta abrir uma rota de fuga das garras da Lava jato. A perícia da PF no áudio bomba, que não sairá antes de
30 dias e a lentidão já conhecida dos processos no STF, são as armas que a bandidagem tem para continuar agindo em benefício próprio, sem esquecer de apelar para o “patriotismo”
como disfarce e justificativa para a continuidade dos seus delitos, pois as reformas são vendidas como solução mágica para os problemas que afligem o país. Basta lembrar
que Romero Jucá, Aécio Neves, José Serra e tantos outros estavam de verde e
amarelo nas passeatas anticorrupção feitas contra o PT. Não há dúvida de que o
mesmo estratagema está sendo acionado para que todos os objetivos do golpe se
consumem antes de 2018. Esse jogo, porém, é demais arriscado, visto que pode
atrair à cena um ator político até aqui passivo e silencioso: O ESTAMENTO
MILITAR.
É certo
que o mundo de economia global de hoje não dá o mínimo de garantia para que uma
ação desse tipo tenha chances de se institucionalizar e, exatamente por isso,
os militares assistem a tudo impotentes, pois capitalismo e corrupção andam de
mãos dadas o tempo todo. O GOLPE de 1964 foi feito em defesa do mercado e, para
derrubar Temer, teria de ser feito contra o mercado, não tendo a menor chance,
portanto, de ter o apoio dos EUA e do mundo capitalista, interessado apenas nas
reformas e não no fim da corrupção.
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