Por Fernando Lobato_Historiador
Depois
das machadas do Sérgio Machado (ver aqui), a Republiqueta Brasilis balançou pra
lá e pra cá, mas o mercado, de olho nas reformas prometidas por Temer, colocou as
escoras necessárias para impedi-la de ir ao chão e, com isso, manteve a chance de uma neoliberalização hard do país que
causa inveja até nos Chicago Boys, ou seja, nos economistas que redesenharam a economia chilena (ver aqui). Essa neoliberalização hard, pelo menos por enquanto, ficou empacada porque
o abalo sísmico provocado pelas manadas da FRIBOI em debandada para os EUA (ver aqui), deixou nossa republiqueta a centímetros do chão. Dessa vez, parece
muito difícil que as forças do mercado e do congresso se arvorem na construção de
escoras para mantê-la de pé com Temer na presidência e, pelo andar da
carruagem, já devem estar em tratativas para a definição de quem conduzirá o projeto das reformas neoliberais com a saída daquele que implantaram no Planalto.
O
óbice dessa empreitada parece ser o próprio Temer que, pelo que se viu no seu
pronunciamento (ver aqui), não querer jogar logo a toalha. E o motivo disso é bem
simples: não quer se unir a Cunha na cadeia. Terminar junto do parceiro de tantos
esquemas e tramóias seria um desfecho pra lá de melancólico e humilhante para
alguém tão vaidoso como Temer. O grande problema é que as forças de mercado,
pelo que se percebe, apesar dos infiltrados na força tarefa (ver aqui), não tem
controle sobre a Lava jato e uma das grandes inimigas da operação era exatamente a JBS. Com a delação desta somadas às da Odebrecht, vigas mestras
do núcleo econômico que estruturava a republiqueta das propinas e do caixa 2, o
núcleo “político-propineiro” alvo da Lava jato fica órfão de sua principal arma para tentar estancar a
sangria que ela provoca e o ditado “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” martela na cabeça da politicalha atônita, sendo esse o motivo
do esvaziamento da Câmara e do Senado nos últimos dias, ou seja, os ratos correram para o porão em busca de uma saída menos traumática para eles.
Situação das mais complicadas é a do PSDB,
parceiro de primeira hora da empreitada de Temer e o que mais se utilizou do
discurso anticorrupção no impeachment de Dilma. A máscara do PSDB, portanto, está não apenas
no chão, mas também numa vala bem fétida com a queda de Aécio, o principal fiador
de Temer. É provável que abandonem o governo golpista que ajudaram a construir, mas talvez não imediatamente, pois precisam cimentar um caminho para que se mantenham no poder. É certo, portanto, que vão defender eleições indiretas para tentar ocupar a presidência com um de seus membros. O problema é que estão
com a imagem quase tão queimada quanto a de Temer. Uma coisa é certa: se o povo não ocupar as ruas
exigindo eleições direitas já, é isso o que deve acontecer, até porque as
forças de mercado tem preferência pelos tucanos na presidência, campeões no
privatismo e na defesa dos interesses do mercado.
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