Por Fernando Lobato_Historiador
O mundo capitalista nasceu e cresceu na Idade Média com os burgos e atingiu
a idade adulta com a estruturação daquilo que entendemos como estado-nacional. Nesse estágio, estava consolidada a classe que
passou a ditar os destinos do mundo a partir daí, ou seja, a ALTA BURGUESIA.
Banqueiros, grandes comerciantes e grandes manufatureiros tornaram-se,
portanto, sócios do poder absoluto que dirigia o estado-nacional com um pé na Idade
Média – preservação de parcela dos poderes na nobreza feudal- e outro na Idade Moderna – avanço da
participação do estado na economia e controle da mesma através do sistema
mercantilista. Nessa associação de interesses, assistimos o crescimento do assalariamento
do trabalho na Europa e o ressurgimento, com toda a força, do escravismo no resto
do mundo, principalmente na América (ver aqui).
Com a crescente globalização econômica e o aumento ainda maior do poder
da ALTA BURGUESIA FINANCEIRA, sobretudo de banqueiros como os ROTHSCHILD (ver aqui), desencadearam-se as revoluções que solaparam de vez o ABSOLUTISMO
MONÁRQUICO - Inglesa (1688), Independência dos EUA (1776) e Francesa (1789) – e
que consolidaram o monopólio dessa classe sobre os negócios de estado,
principalmente depois que Robespierre foi guilhotinado e Napoleão Bonaparte assumiu
o comando numa França não mais ameaçada pelas classes subalternas. Se política e economia andavam de
mãos dadas no Absolutismo Monárquico, depois das revoluções burguesas e da Revolução
Industrial, andaram completamente abraçadas, pois a sócia agora era dona
exclusiva de um estado que administrava, legislava e julgava de acordo com seus
interesses maiores, apesar dos gritos e transtornos que, aqui e acolá, a
propagação dos ideais socialistas gerava, visto que as associações de
trabalhadores e os primeiros grandes sindicatos começavam a incomodar.
O mundo capitalista
em 2017 é muito mais globalizado que no fim do Séc. XIX ou em meados do XX e o
Brasil é, além de um grande mercado consumidor, um importante fornecedor de
matérias-primas e mão-de-obra baratíssimas. A Constituição de 1988, feita depois
da intervenção do sistema no Brasil – o Regime Militar de 64 -, extrapolou no que o sistema admite como direitos no mundo periférico. Num tempo em que a ALTA BURGUESIA quer redesenhar a economia
global e tempo para ela É DINHEIRO, urge que o presidente e o parlamento por
ela instituídos acelerem as REFORMAS que lhe garantirão melhores condições de lucratividade
e exploração da mão de obra. Temer não caiu no TSE e tem grandes chances de não cair diante da
força das denúncias da LAVA-JATO.
Por mais canalhices que venhamos a saber de Temer e por mais canalhices que pratique no exercício do mandato que surrupiou em nome do sistema, o capitalismo – cuja natureza é descaradamente corrupta e
antidemocrática – tende a segurá-lo em nome das REFORMAS que quer impor aos
próximos presidentes do país. Se não conseguir ainda esse ano, pode tentar apelar ou para uma mudança para o parlamentarismo ou para um
golpe militar, mas esbarram hoje, creio eu, numa melhor consciência política e
social adquirida pela elite militar de 1964 para cá. Nenhuma classe, porém, é
monolítica e não se pode descartar que algum louco caia no conto da sereia dos
grandes tubarões se as reformas que exigem não saírem. Se não saírem e não ocorrer mais
nenhum golpe, não tenho dúvida de que a nação se fortalecerá depois desse processo de crise.
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