Por Fernando Lobato_Historiador
Já disse Ésquilo que, na guerra,
a primeira vítima que tomba é a verdade. Vivemos, inegavelmente, uma reedição
da guerra ideológica que marcou a segunda metade do século XX, ou seja, um bis
da disputa ideológica que caracterizou a Guerra Fria e nela assistimos a
mentira dominando a cena, seja na internet seja nas mídias tradicionais . Nesse
bis, mais uma vez, é a direita mais reacionária que vai ao ataque usando uma
ampla gama de recursos, sobretudo o poder de influência da grande mídia e capital
abundante (público e privado) para financiar propagandistas que repetem mentiras
de forma sistemática para produzir nelas uma “pele” de verdade que as torne críveis e aceitáveis para a grande massa. Não por acaso, se reedita a tática nazista
de Joseph Goebbels (ver aqui).
O curioso dessa nova guerra
ideológica é que, diferentemente da anterior, não há um estado que se
reivindique socialista ameaçando a hegemonia do capitalismo, visto que nem
China, nem Rússia e muito menos a Coréia do Norte está em condições de cumprir
o papel da ex-URSS. E se não há esse inimigo porque a direita reacionária
deflagrou a nova guerra? A resposta, creio, está no fato do capitalismo estar
muito perto de seu ponto máximo de expansão e quando esse nível é atingido,
a História tem demonstrado isso (ver aqui e aqui ), tem inicio a crise que leva o
sistema à ruína definitiva. Karl Marx (1818-1883), o mais “maldito” dos
esquerdalhas - dizem os direitopatas – anunciou a morte do capitalismo há quase
200 anos e, pelo andar da carruagem, num futuro não muito distante, a previsão
tem condições muito favoráveis para se confirmar, abrindo possibilidades para
novas formas de organização, notadamente para as propostas da chamada esquerda.
Evidências dessa conjuntura favorável foram percebidas na ascensão de políticos
desse espectro mesmo depois da Queda do Muro de Berlim e do fim da ex-URSS,
sobretudo na América Latina, ou seja, numa das regiões do mundo mais afetadas
pela miséria e desigualdade social, os dois principais efeitos colaterais do
sistema.
Não bastasse isso, desde 2008, o sistema entrou
em crise nas áreas centrais – EUA e Europa – deixando entrever à grande massa
que a encrenca não tende a ser superada e sim aprofundada, ou seja, que vivemos
uma crise que é sistêmica ou civilizatória e que sua solução não depende de
reformas pontuais, mas de uma reconfiguração quase total do mesmo, sobretudo
quando se observa os danos ambientais acumulados ao longo de mais de 250 anos
de seu funcionamento. Como não tem soluções no curto prazo e a encrenca tende a
engrossar, o sistema reage preventivamente buscando desacreditar os críticos
que apontaram suas falhas ainda na fase inicial, ou seja, socialistas e
comunistas. Para a grande massa, a
tática atual pode ainda dar resultado por algum tempo, mas o fato é que esse
segmento costuma raciocinar com a barriga e, se a panela permanecer vazia, tende
a se rebelar apoiando candidatos fora do sistema. Não se deve estranhar se ditaduras
começarem a pipocar para impedir que isso aconteça, mas será o senhor tempo que nos dirá como a peleja
entre DEMOCRACIA X CAPITAL vai se desenrolar daqui em diante.
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