Por Fernando Lobato_Historiador
O fascismo, conforme post
anterior, foi a 3ª via política criada pela DIREITA RADICAL num momento de
crise do LIBERALISMO (1ª via), ou seja, de
crise do modelo de sociedade regulada PELAS FORÇAS DO MERCADO, princípio que
estruturou o mundo capitalista depois da Revolução Industrial. Essa regulagem pelo mercado prometeu o CÉU
tanto para empresários (burgueses) quanto para os trabalhadores a partir da
chamada IDEOLOGIA DO PROGRESSO (ver aqui), que dizia que a humanidade como um
todo, a partir dali, seria crescentemente feliz e próspera e que a paz entre os
povos seria finalmente alcançada. A realidade que se consolidou foi bem outra,
ou seja, o CÉU para os donos do capital e o INFERNO para os trabalhadores (veraqui), fato que provocou estudos sobre as contradições de um sistema que gerava,
ao mesmo tempo, tanta riqueza e miséria. Karl Marx foi um dos grandes estudiosos da
questão e em torno de suas idéias se estabeleceu um pólo político que se contrapunha
ao capitalismo e que foi chamado de SOCIALISTA (a 2ª via). Foi dentro do pensamento marxista, então
chamado de Socialismo Científico, que surgiu uma proposta de 3ª
via que é bem anterior ao fascismo, mas que se difundiu somente depois da 2ª
Guerra Mundial (1939-1945): a SOCIAL-DEMOCRACIA (ver aqui).
A social-democracia, portanto,
diferente do fascismo, brotou como 3ª via a partir da esquerda política,
mas dela se apartou buscando uma posição intermediária, ou seja, buscou ser uma
doutrina de CENTRO. Brotou a partir da crença de que seria possível domesticar
o capitalismo selvagem através de leis que humanizassem a relação capital x
trabalho e que reduzissem as desigualdades sociais que o sistema costuma gerar quando não regulado pelo estado. Opuseram-se,
portanto, à esquerda tradicional rejeitando a tese da DITADURA DO PROLETARIADO
de Marx e apostando na chegada ao poder não pela via revolucionária – rebelião
popular – mas pela ELEITORAL. Depois de chegar ao poder através do voto,
acreditavam ser capazes de criar uma estrutura de proteção aos trabalhadores, tornando
concreto o que se convencionou chamar de ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL, ou seja, uma sociedade
regulada em parte pelo mercado e em parte pelo estado, de modo que, no fim das
contas, as condições de vida da classe trabalhadora pudessem ser satisfatórias a
ponto de garantir uma estabilidade social e política que o modelo liberal nunca
conseguiu em face das constantes greves das classes trabalhadoras espoliadas e insatisfeitas.
PT e PSDB são, atualmente, os
dois principais partidos da social-democracia brasileira, com diferenças apenas
de tendência, visto que o PSDB tende para a CENTRO-DIREITA em face das políticas
de privatização que marcam as suas administrações e de seu maior comprometimento na
defesa dos interesses do mercado. Nenhum
dos dois, portanto, em face dos fortes laços com as grandes corporações
privadas, pertence à esquerda política, ainda que setores do PT
reivindiquem essa identidade. O grande problema da social-democracia tem sido exatamente
esse, ou seja, a sua incapacidade para manter uma posição equilibrada entre os
interesses do mercado e os da população em geral. Como o sistema partidário é
financiado pelas forças do mercado, a balança política pende cada vez mais desigualmente
em favor delas.
A DEMOCRACIA – governo do povo – é uma realidade
cada vez mais fictícia e ilusória, visto que os eleitos representam cada vez
menos a população. Quando os interesses da população se chocam com os do
mercado, a classe política em peso toma posição a favor dele, porque é o
mercado quem financia suas campanhas e quem lhe garante uma vida luxuosa com as
propinas pagas para a aprovação de leis em seu favor. As delações da Odebrecht
e da JBS (ver aqui e aqui) comprovaram amplamente essa realidade e demonstraram
o fracasso da social-democracia no Brasil. É esse fracasso que promove as ações
raivosas tanto da direita tradicional (liberalismo) quanto da direita radical
(fascismo), temerosas, em face da grave crise do sistema, de uma identificação da
população com as teses da esquerda tradicional, ou seja, com o SOCIALISMO
autêntico, ou melhor, com a via política que defende intervenções do estado que
submetam as forças do mercado ao interesse público. Eis o motivo central da
guerra ideológica da atualidade.
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