O bunker do Geddel, o 7 de setembro e os dias depois de Janot na PGR

Esse é o retrato do 7 de setembro de 1822: Grana farta pra corruptos e chicote pesado para quem trabalha honestamente
\Por Fernando Lobato_Historiador


Os 51 milhões encontrados pela PF num apartamento cedido a Geddel, amigo fraterno  e de longa data de Temer, nos dá uma noção do que virá na nova flechada de Janot contra nosso temerário presidente.  Que o Brasil é governado por ratazanas da pior espécie já está claro até para os brasileiros mais ingênuos, visto que não há mais a menor dúvida sobre o caráter de nossos podres poderes de estado e nem mesmo os discursos indignados de Carmem Lúcia, Celso de Melo e Luís Fux (ver aqui) conseguem afastar a percepção de um país refém do poder econômico dominante. A “democracia burguesa”, apesar dos disfarces e maquiagens que utiliza, não consegue mais ocultar a face de DITADURA a serviço do grande capital.  Essa realidade, a rigor, já existe desde o período colonial, pois foi no processo de expansão e consolidação global do capitalismo, que nosso país nasceu escravocrata, cresceu submisso aos grandes impérios e amadureceu como grande economia que preserva e garante um dos tratamentos mais perversos e injustos com aqueles que produzem: o povo trabalhador.


Nosso 7 de setembro de 1822 não representa nem de longe alguma coisa que se relacione com liberdade, pois continuamos literalmente no cativeiro, pois a escravidão permaneceu legal 66 anos depois do Grito do Ypiranga. Em nosso cenário marcado pelo autoritarismo e pela corrupção, pelo menos nos últimos 20 anos, a novidade tem sido um relativo descolamento dos Ministérios Públicos, sobretudo do Federal, das garras da dupla formada por Executivo e Legislativo, fato que resultou numa crescente sangria de reputações, iniciada antes mesmo do mensalão do PT (2005). Exemplo disso foi o escândalo dos Anões do Orçamento nos anos 90, quando Geddel – o homem do bunker de R$ 51 milhões - já demonstrava toda sua “eficiência e competência” como “homem público” (ver aqui e aqui). O MPF, verdade seja dita, não garante a vigência da DEMOCRACIA entre nós, mas tem sido a mosca na sopa de muitos que, até bem pouco tempo, se achavam intocáveis ou acima das leis. Resumindo: relativizou a ditadura do capital entre nós


Temer pediu nova suspeição de Janot, a quem acusa de politizar o cargo de Procurador Geral (ver aqui). Seu aborrecimento decorre do fato de nossa tradição nada republicana o ter concebido como algo meramente decorativo, ou seja, para ser honrado e dignificado desde que se anule ou apequene diante do Executivo e do Legislativo, não muito diferente do papel histórico desempenhado até aqui pelo STF, que de supremo tem muito pouco ou quase nada. Quem ouve os áudios de Gilmar Mendes com Aécio Neves ou com o ex-governador de Mato Grosso, Sinval Barbosa, não tem dúvida de que o referido ministro exerce o cargo de serviçal do alto escalão político do país (ver aqui e aqui). Se Temer der um simples assovio, é quase certo que ele sairá correndo atrás dele igual a cachorro adestrado. Essa, por sinal, é a postura “imparcial e profissional” desejada por nossas elites tradicionais. Jacob Barata Filho que o diga (ver aqui).



Janot, felizmente, não quis ser um procurador-geral decorativo, muito menos cúmplice dos crimes do andar de cima. Não quis ser mais um a compor a farsa democrática vigente entre nós. Para desespero de Temer, Lula e tantos outros políticos ditos profissionais, Janot decidiu, assim como o ministro Joaquim Barbosa na relatoria do mensalão, cumprir o papel que lhe cabia em face de sua condição  de servidor público. O chato é que Janot e Joaquim Barbosa  se notabilizaram como exceções quando suas posturas deveriam ser a regra. Janot terminará seu mandato no próximo dia 17 e o que temos a temer é uma possível DESPOLITIZAÇÃO da atuação da PGR sob a batuta de Raquel Dodge, ou seja, uma renúncia a seu papel de fiscal  e guardiã  do interesse público.



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