Por Fernando Lobato__Historiador
Quando o
impeachment de Dilma foi consumado pela batuta de Lewandowski (ver aqui), teve gente que foi ao facebook dizer que a liberdade e a moralidade haviam
sido restabelecidas porque o PT, tido
como o grande mal do país, estava fora do poder. Na ocasião, não pude deixar de
fazer chacota disso. Disse então que esperassem mais um tempinho para ver que
tipo de “liberdade” e “moralidade” Temer iria implantar no país. O tempinho não
apenas demostrou o acerto da previsão como também nos surpreendeu negativamente
com a constatação de que o buraco da tragédia era ainda mais fundo que os
rombos orçamentários construídos pelo Meirelles (ver aqui). No momento do
impeachment, porém, a sensação da sociedade era de que um gol a seu favor fora
assinalado, ou seja, que estava ganhando o jogo por 1 X 0.
Quando o
ministério temerário foi montado com quase 100% de corruptos, o queixo de muitos
caiu e a sensação de enganação geral ganhou força. Quando medidas como o teto
de gastos por 20 anos, a Reforma Trabalhista e a Reforma Previdenciária vieram
a público, a sensação de enganação virou também de assalto à mão desarmada
durante o dia, visto que milhões de brasileiros perceberam que
seriam duramente lesados nos direitos históricos duramente conquistados.
Fugindo do fato de que foram cúmplices dos golpistas corruptos, setores mais
radicais da direita, sobretudo aqueles que passaram a promover a candidatura
de Bolsonaro, logo passaram a denunciar e atacar Temer e suas medidas, obviamente,
por pura hipocrisia e oportunismo eleitoral, visto que tanto a corrupção quanto
medidas contrárias aos interesses dos trabalhadores são típicas de governos da
direita e extrema-direita, haja visto que a conivência do PT com a corrupção e
os interesses mais imorais do grande empresariado foi fruto exatamente do seu distanciamento
crescente em relação aos princípios que a esquerda historicamente defende
Desiludidos
com a realidade pós impeachment, que ninguém sabe ainda quanto tempo vai durar,
pois vivemos sob uma Ditadura do Capital, muitos passaram a ver o Judiciário
como o último fio de esperança para um restabelecimento da ordem dentro dos
marcos da Constituição de 88. Carmem Lúcia até fez discurso dizendo que o clamor por justiça não seria ignorado em sua gestão (ver aqui), ou seja, que o placar do comprometimento dos poderes
com a arbitrariedade e a corrupção estaria 2 x 1 a favor dos corruptos, ou
seja, dos controladores do Executivo e
do Legislativo. Coube não à Carmem
Lúcia, mas à 1ª
turma do STF, mais especificamente aos ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e
Luiz Fux a reafirmação desse placar em 2 x 1 ao decidir pelo afastamento de
Aécio Neves, uma das viga-mestra do estado de exceção em que vivemos (ver aqui).
Como esperado, a mando de Temer e Aécio, Câmara e Senado se uniram e foram pra cima de Carmem Lúcia que,
coagida a não reafirmar o placar de 2 x
1, cedeu e capitulou no dia de ontem (ver aqui). No placar do momento da peleja entre estado x sociedade, constata-se
a união dos poderes contra a sociedade, ou seja, 3 x 0, fato que dá ainda
mais gás e legitimidade aos discursos dos intervencionistas da direita radical,
ou seja, de cúmplices dos golpistas corruptos que tomaram o poder de assalto
com total apoio deles. Depois de criarem o monstro que nos assusta e revolta,
agora falam em capturá-lo para nos salvar do mesmo.
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