A "democracia" dos 3%, a "república" da ladroagem e o fracasso do regime de 88

Por Fernando Lobato_Historiador

Lá se foi mais um 15 de novembro, Dia da Proclamação da República no Brasil. Nele, lembramos que herdamos a noção de democracia dos gregos e a de república dos romanos antigos, mas a verdade histórica é que, tanto no passado quanto no presente, a “DEMOCRACIA” continua a serviço da minoria e a “coisa pública” permanece refém da ladroagem, principalmente num estado-nação de existência tardia como o nosso, onde o estado se consolidou submisso aos grandes impérios e a “nação” ficou restrita  a uma minoria europeizada que, apesar de viver na América do Sul do Sec. XXI, continua sentimentalmente presa à Europa do Antigo Regime, onde os reis tudo podiam, a nobreza  gozava de grandes privilégios e o povo tinha a obrigação de trabalhar para sustentá-los, pois a máxima Hobbesiana de que o estado existe para garantir a ORDEM E A PAZ SOCIAL,  exigia plena obediência dos súditos, ainda que forçados a ter uma viva lascada para garantir um mínimo de dignidade na vida diária.
As Revoluções Burguesas ou Liberais dos Séculos XVII e XVIII europeu subverteram a lógica hobbesiana de estado e o STATUS QUO de então em nome de uma tal LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE que resgatou, dos antigos, as noções de democracia e república, que logo foram abandonadas pela burguesia vitoriosa quando percebeu que nada disso seria amplo e irrestrito. A liberdade continuaria restrita à elite (quem é livre sem nenhum real no bolso numa economia capitalista?), a igualdade seria limitada pela pretensão utópica de uma justiça isonômica para todos e a fraternidade, sentimento de irmandade necessário à coesão social, seria direcionada para a cooperação dos de baixo para com os de cima, principalmente nos momentos em que o estado exigia sacrifícios em nome dos interesses de uma ECONOMIA NACIONAL que continuou acumulando riquezas e capital no andar de cima.
Nem DEMOCRACIA NEM REPÚBLICA, portanto, avançaram significativamente no mundo antes da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) que, inclusive, foi marcada pela ascensão do projeto que hoje, mais uma vez, se insurge contra o pouco de democracia e república existente: O FASCISMO. No Brasil, essas noções ganharam impulso com a eleição de Vargas, em 1950, e Kubstcheck, em 1954. Em 1954, nossas elites, preocupadas com o fenômeno e em acordo com as internacionais, já queriam dar o golpe que se consumou 10 anos depois.  Democracia e República voltaram a ressurgir como ideais com a  Constituição de 1988, essa que nosso presidente temerário rasga para se manter confiável para os de cima que, mais uma vez, nos golpearam em nome de um reordenamento da economia que não subverta a lógica “democrática” e “republicana” que nos foi imposta.
         Nossa “democracia” é dos 3% que apoiam Temer e a “coisa pública” está à serviço da ladroagem que, já faz tempo,  é a cara do nosso capitalismo de laços . Capitalismo que, ao controlar nossos “representantes” no Congresso, enlaça com força e aperta o nó sobre nós, os que trabalham e produzem honestamente para sustentar essa patifaria que nos governa desde 64, quando a Ditadura do Capital foi institucionalizada entre nós.  A Constituição de 88 foi feita para negá-la, mas a “Nova República”, que não era tão nova assim, terminou em fracasso.

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