Por Fernando Lobato_Historiador
Lá se foi
mais um 15 de novembro, Dia da Proclamação da República no Brasil. Nele,
lembramos que herdamos a noção de democracia
dos gregos e a de república dos
romanos antigos, mas a verdade histórica é que, tanto no
passado quanto no presente, a “DEMOCRACIA” continua a serviço da minoria e a
“coisa pública” permanece refém da ladroagem, principalmente num estado-nação
de existência tardia como o nosso, onde o estado se consolidou submisso aos grandes
impérios e a “nação” ficou restrita a
uma minoria europeizada que, apesar de viver na América do Sul do Sec. XXI,
continua sentimentalmente presa à Europa do Antigo Regime, onde os reis tudo
podiam, a nobreza gozava de grandes
privilégios e o povo tinha a obrigação de trabalhar para sustentá-los, pois a
máxima Hobbesiana de que o estado existe para garantir a ORDEM E A PAZ
SOCIAL, exigia plena obediência dos
súditos, ainda que forçados a ter uma viva lascada para garantir um mínimo de
dignidade na vida diária.
As Revoluções
Burguesas ou Liberais dos Séculos XVII e XVIII europeu subverteram a lógica
hobbesiana de estado e o STATUS QUO de então em nome de uma tal LIBERDADE,
IGUALDADE E FRATERNIDADE que resgatou, dos antigos, as noções de democracia e
república, que logo foram abandonadas pela burguesia vitoriosa quando percebeu
que nada disso seria amplo e irrestrito. A liberdade continuaria restrita à
elite (quem é livre sem nenhum real no bolso numa economia capitalista?), a
igualdade seria limitada pela pretensão utópica de uma justiça isonômica para
todos e a fraternidade, sentimento de irmandade necessário à coesão social, seria
direcionada para a cooperação dos de baixo para com os de cima, principalmente
nos momentos em que o estado exigia sacrifícios em nome dos interesses de uma
ECONOMIA NACIONAL que continuou acumulando riquezas e capital no andar de cima.
Nem
DEMOCRACIA NEM REPÚBLICA, portanto, avançaram significativamente no mundo antes
da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) que, inclusive, foi marcada pela ascensão do
projeto que hoje, mais uma vez, se insurge contra o pouco de democracia e
república existente: O FASCISMO. No Brasil, essas noções ganharam impulso com a
eleição de Vargas, em 1950, e Kubstcheck, em 1954. Em 1954, nossas elites, preocupadas
com o fenômeno e em acordo com as internacionais, já queriam dar o golpe que se
consumou 10 anos depois. Democracia e
República voltaram a ressurgir como ideais com a Constituição de 1988, essa que nosso
presidente temerário rasga para se manter confiável para os de cima que, mais
uma vez, nos golpearam em nome de um reordenamento da economia que não subverta
a lógica “democrática” e “republicana” que nos foi imposta.
Nossa
“democracia” é dos 3% que apoiam Temer e a “coisa pública” está à serviço da
ladroagem que, já faz tempo, é a cara do
nosso capitalismo de laços . Capitalismo que, ao controlar nossos “representantes” no Congresso, enlaça
com força e aperta o nó sobre nós, os que trabalham e produzem honestamente
para sustentar essa patifaria que nos governa desde 64, quando a Ditadura do
Capital foi institucionalizada entre nós.
A Constituição de 88 foi feita para negá-la, mas a “Nova República”, que
não era tão nova assim, terminou em fracasso.
Comentários
Postar um comentário