A falta de memória, o cinismo sem limites e o produto muito ruim com embalagem atraente

Por Fernando Lobato_Historiador

 Que parte expressiva da sociedade brasileira é desmemoriada e desatenta quase ninguém duvida, principalmente quando o assunto é POLÍTICA. Esse, aliás,  é o fator que dá confiança aos ladrões profissionais que povoam a maioria dos partidos brasileiros. Mesmo quando flagrados nos seus crimes, costumam apelar para seu CINISMO SEM LIMITES e muitos, para nossa indignação,  ainda conseguem se reeleger e se manter em cargos ditos públicos e o que é pior: continuam nos surrupiando de diversas maneiras. É fato também que parte dessa “falta de memória” tem haver com a grana ilícita que esses gangsters acumulam e que, em época de campanha, torram uma parte na compra de apoio nas urnas. É esse fato também que enfraquece por demais a crença na democracia em nosso país e promove propostas com viés autoritário como a que vê a intervenção militar como única solução possível para a grave crise moral e institucional em que fomos metidos. 
           Crentes na falta de memória da população e temendo uma forte rejeição usando os nomes atuais, nossos gangsters travestidos de políticos mudam os nomes de seus partidos apostando no estímulo sensorial de embalagens que nada tem haver com o conteúdo dentro delas.  Antes das mudanças recentes, tivemos o caso do antigo PFL (Partido da Frente Liberal),  que mudou para o atual DEMOCRATAS (DEM) depois de ter sido um dos esteio da DITADURA MILITAR, ou seja, cúmplice de um regime estruturado na prisão arbitrária,  na tortura dos inimigos políticos e no assassinato indiscriminado dos mais resistentes, tudo isso em nome de uma fictícia ameaça comunista. Ficção, aliás, criada no ano de1937 para justificar a Ditadura de Vargas e que atendia pelo nome de Plano Cohen (ver aqui).  Ano passado, esse mesmo “DEMOCRATAS” foi um dos principais fiadores do golpe dado em nossa frágil democracia para colocar MICHEL TEMERÁRIO na presidência e, como recompensa, ganhou de presente a Presidência da Câmara dos Deputados, hoje ocupada por Rodrigo Maia (DEM-RJ).
           E já que o assunto é  CINISMO SEM LIMITES, ontem ocorreu mais um, ou seja, a volta do PMDB, que muitos  chamam de Partido do Mais De um Bilhão, ao nome que tinha durante a Ditadura Militar (ver aqui), ou melhor, quando abrigava bons nomes da política e da luta por democracia. A partir de ontem, portanto, volta a se chamar Movimento Democrático Brasileiro (MDB), quando já não tem quase nada de DEMOCRÁTICO ou BRASILEIRO.  Núcleo central do golpe de Temer, reúne hoje, com raríssimas exceções, o que há de mais nocivo e podre no campo partidário. Em guerra aberta contra o que ainda nos resta de democracia, promove uma série de reformas (Teto de Gastos, Trabalhista e Previdenciária) cujo fim maior é a submissão do país aos caprichos das grandes corporações privadas internacionais. Afirmar-se democrático e brasileiro é, no mínimo, um acinte sem tamanho contra nossa inteligência e memória.                

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