Por Fernando Lobato_Historiador
O historiador
não é profeta nem alguém com uma bola de cristal mágica capaz de mostrar o
futuro. A “lanterna” que o historiador
usa para iluminar está colocada na direção contrária das cartomantes, videntes
e futurólogos. É verdade, porém, que, ao lançar luzes sobre o passado, não
apenas o historiador, mas todo aquele que faz uso dos estudos históricos, desenvolve
um olhar mais apurado sobre o que acontece no presente. Além disso, é verdade
também que seu maior conhecimento sobre o passado proporciona uma maior
habilidade na análise dos processos sociais em curso. Dependendo da
configuração desses processos, apontam tendências de desfecho ou final. É nesse
sentido que o historiador, bem como o cientista político e outros estudiosos
das Ciências Humanas, tem capacidade de apontar um futuro provável. É uma condição
parecida com a da Meteorologia, ou seja, a partir da análise conjunta de uma
série de dados, é possível apontar o que pode acontecer no curto prazo, mas,
obviamente, com uma probabilidade maior de erro, visto que as ações dos homens
e das instituições nem sempre seguem uma dada racionalidade.
Faço
postagens neste espaço, portanto, fazendo uso do conhecimento histórico acumulado, de informações
obtidas na mídia e nas redes sociais e de trabalhos de estudiosos gabaritados.
Meu foco é a realidade política brasileira, analisada no contexto de uma
estrutura de quase 196 anos: o estado nacional
(ver aqui). Embora com quase 200 anos, apesar da mudança de regime em 1889,
de monarquia para república, e das várias fases republicanas pelas quais passou,
trata-se de uma estrutura que mantém uma lógica ainda marcada, em boa medida, pelo
patrimonialismo e utilitarismo da parte das oligarquias que o dominam há muito
tempo. A política atual, portanto, continua ainda muito presa às condicionantes
da estrutura de poder que nos foi legada. Acrescente-se a isso, em face do atrelamento
do Brasil ao circuito do capitalismo global (ver aqui), a relação do estado com
a estrutura econômica que as oligarquias defendem com ardor em face da
sociedade e parceria mantida com a mesma e que a faz usar de todas as armas
possíveis para manter o STATUS QUO vigente. É isso que explica porque as
condições gerais de vida pouco mudaram ao longo de quase dois séculos. O
historiador, portanto, tem certa capacidade de iluminar o presente e o futuro mais
imediato porque leva em consideração uma série de elementos que configuram
nossa realidade social.
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