O debate da Band, o primeiro embate e a candidatura Daciolo


Por Fernando Lobato_Historiador

Prosseguindo com a análise das candidaturas ao Planalto, falaremos do Cabo Daciolo. O ex-bombeiro e hoje deputado federal surgiu como liderança, em 2011, na greve dos bombeiros do Rio de Janeiro. Na ocasião, Sérgio Cabral, então governador, chamou os bombeiros de vândalos e irresponsáveis. O episódio iniciou à derrocada do hoje presidiário em Bangu, visto que a população, estarrecida com os baixíssimos salários pagos a quem arrisca a vida pela dos outros, apoiou os grevistas (ver aqui). Depois de presos e processados, os rebeldes liderados por Daciolo, além de aumento nos salários, obtiveram anistia através de uma lei promulgada em outubro de 2011 (ver aqui). Daciolo, portanto, acabou vitorioso, livre e influente sobre a classe dos bombeiros e PMS do Rio de Janeiro. Meses depois, estava em Salvador dando apoio aos PMs em greve na Bahia. No retorno ao Rio, foi preso ainda no aeroporto e meses depois era expulso da corporação junto com mais 12 (ver aqui). Dois anos depois, em 2014, era eleito Deputado Federal pelo Rio com mais de 49 mil votos (ver aqui), obtidos, na quase totalidade, dos bombeiros e PM´s. No exercício do mandato, chamou atenção pelo discurso religioso extremado. Chegou, inclusive, a propor emenda constitucional para substituir a soberania do povo pela de Deus (ver aqui).
Ignorou, portanto, a luta de vários séculos pela afirmação do estado laico, ou seja, do princípio da liberdade em matéria religiosa, visto que o estado deixou de impor um credo oficial. Daciolo é evangélico, ou seja, do credo que Bolsonaro diz que abraçou quando se lançou à presidência (ver aqui) e do qual Marina Silva se tornou pastora em 2012 (ver aqui). Pelo que se vê, a disputa de "Deus" como cabo eleitoral está bem acirrada. Daciolo tornou-se candidato em face das indecisões de Bolsonaro, que namorou várias siglas antes de se lançar pelo PSL. O Patriota, partido de Daciolo, é o ex-PEN (Partido Ecológico Nacional). O PEN mudou de nome porque Bolsonaro prometeu ser candidato por ele e, com sua desistência, foi atrás de outro com o mesmo perfil (ver aqui).  Daciolo aceitou porque tinha poucas chances de se reeleger com o voto dos bombeiros e PM´S do Rio, pois não se dedicou como devia à missão que lhe foi dada por eles, ou seja, a luta pela aprovação da PEC 300/2008, ou melhor, da lei que pretende instituir um piso nacional para bombeiros e PM´S de todo país (ver aqui). A candidatura ao planalto em 2018 é o trunfo que tem para não voltar ao ostracismo em que vivia antes de 2011. Em vez de representante de uma categoria, opta pela missão de “servo do Deus vivo na política”. Para azar de Bolsonaro, o ex-cabo vai roubar muitos votos do ex-capitão.

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