Por Fernando Lobato_Historiador
O debate da
Band foi o 1º
embate entre os postulantes ao planalto. Embora morno, serviu para ver quem é
quem no jogo eleitoral, bem como as estratégias que seguirão até 07 de outubro. Nesta postagem, falaremos da candidatura Álvaro
Dias. O ex-governador do Paraná (1987-1991) e Senador em 4º
mandato está na política desde 1969, quando se elegeu vereador de Londrina/PR pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), partido de oposição à Ditadura
Militar (1964-1985). É, portanto, o que há mais tempo está na vida política e
também o que está usando como discurso a REFUNDAÇÃO DA REPÚBLICA, algo no mínimo
contraditório, visto que essa ideia de refundação pressupõe a ascensão de
políticos novatos, pois se entende que quem está há muito tempo numa estrutura
corrompida, adquiriu muitos vícios. Álvaro, porém, refuta isso alegando não
apenas ter se mantido como uma virgem imaculada como ter sido sempre um
combatente da corrupção.
O que Dias
chama de REFUNDAÇÃO DA REPÚBLICA é a promessa de reformas para reduzir o
tamanho e o custo do estado diminuindo o número de senadores, deputados,
vereadores e servidores públicos, privatização de estatais, bem como o fim de
privilégios de autoridades e aprovação de leis duras contra os criminosos de
todos os matizes. Dias é um político de longa carreira e, no currículo, o único
cargo que lhe falta é a presidência. Tentou ser candidato do MDB em 1989, mas
foi preterido. Estava no PSDB e saiu do partido de Alckmin porque não tinha chance
de disputar a presidência. Se tivesse, com certeza, permaneceria. Está
candidato pelo PODEMOS, mesmo nome de um partido popular e de sucesso na
Espanha. Acontece que o PODEMOS espanhol é de esquerda e o PODEMOS brasileiro é
de DIREITA, ou seja, o daqui usa o nome do seu homônimo espanhol de forma
oportunista, marqueteira e enganosa (ver aqui). Álvaro Dias, pelo que parece, também age com oportunismo
ao focar o tema corrupção num momento em que este sensibiliza os brasileiros. Não
por acaso, repete a toda hora que, se eleito, colocará SÉRGIO MORO no
Ministério da Justiça (ver aqui). Quer
ser visto e comprado pelo eleitor, portanto, como o candidato da LAVA-JATO.
A realidade,
porém, é que a corrupção estatal não é algo que se resolve com reformas, mas com democratização
e transparência crescente da máquina pública, sobretudo com a criação de
mecanismos de controle social, algo que Dias nem sequer menciona. Ele sabe que sua retórica agrada os brasileiros indignados com a situação atual, mas não diz que a
tal refundação da república deve incluir também o combate aos privilégios e poderes
que os grandes bancos, a grande mídia e as grandes corporações privadas exercem
sobre o estado brasileiro, cada vez mais refém e submisso de tais interesses. Algo que foi feito, por exemplo, na Islândia (ver aqui). Foi
essa situação que gerou a crise e corrupção desenfreada que hoje assistimos no
país, com grandes empresas financiando a campanha de políticos para que estes,
depois de eleitos, aprovem medidas e leis que as beneficiem. A corrupção dentro
do estado é apenas uma parte do problema, visto que, para além disso, é preciso
anular o poder corruptor do sistema econômico sobre políticos e
demais agentes públicos. Álvaro Dias, sobre isso, silencia completamente. Fica mudo porque, sendo um candidato de direita, está impedido de falar uma vírgula
sequer sobre a causa maior da corrupção vigente há muito tempo no país.
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