O debate da Band, os postulantes ao planalto e a candidatura Geraldo Alckmin


Por Fernando Lobato_Historiador

Prosseguindo com a análise das candidaturas ao Planalto, falaremos de Geraldo Alckmin. O ex-governador do estado de São Paulo por 3 mandatos (2001-2006, 2011-2015 e 2015-2018) e ex-prefeito de Pindamonhangaba (1977-1982) é uma das crias do ninho tucano, ou seja, do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), um partido que nasceu, em 1988, como de centro-esquerda e, com a chegada de FHC à presidência em 1995, guinou para a centro-direita. FHC é o exemplo maior dessa guinada para o polo neoliberal e conservador da política brasileira, visto que, como intelectual e político, até 1995, era rotulado mais à esquerda (comprometido com os avanços sociais e os direitos dos trabalhadores) e, depois de sentar na cadeira presidencial, ficou bem mais à direita (comprometido com a lógica neoliberal capitalista, ou seja, com o desmonte do estado -privatização sem limites- e com a redução dos direitos e garantias sociais à população).
Alckmin é, por conta disso, o candidato principal do “deus” MERCADO, ou seja, de um conjunto de agentes econômicos intimamente relacionados com o grande capital internacional que, mesmo sem mandatos no Executivo e no Legislativo, conduzem e determinam a ação estatal no Brasil. Esta realidade está consumada desde o início da Ditadura Militar, em 1964, e permanece assim até os dias atuais, suavizada apenas durante a era petista (2003-2016). São esses agentes ou sacerdotes do “deus” mercado, homens e mulheres sem rostos conhecidos e que costumam agir por detrás das cortinas do poder, os responsáveis intelectuais dos golpes consumados e fracassados contra a democracia brasileira nos últimos 65 anos.
É um grupo que articula golpes sempre que se sente impotente para ocupar o poder pela via eleitoral. Foi assim em 1954, depois de duas derrotas para Vargas e aliados. O suicídio de Vargas, porém, melou a consumação de um golpe que se concretizou 10 anos depois, pois a comoção nacional elegeu Juscelino Kubistchek em 1955 (ver aqui), que, assim como Dilma em seu segundo mandato, governou fazendo grandes oferendas ao “deus” mercado (ver aqui), mas, mesmo assim, por conta de uma certa continuidade com o nacional desenvolvimentismo de Vargas, foi tratado como Lula em 2018, ou seja, vetado para um possível retorno à presidência (ver aqui). Antes de ser assassinado, Kubistchek, assim como Lula, foi duramente atacado pela imprensa golpista da época e também acusado de corrupção. Alckmin foi “abençoado” para personificar a principal candidatura do “deus” mercado, ou seja, o seu Plano A, visto que, como “divindade” que não acredita no destino, costuma também ter planos B, C, D, E, F. Alckmin recebeu a “benção” principal porque Aécio Neves, preparado para receber a faixa de Temer depois do golpe contra Dilma, acabou pego de calça arriada depois que ventos da Lava-jato o mostraram nu por detrás das cortinas (ver aqui).
Um grande problema dos candidatos do “deus” mercado é a falta de carisma. Isso é grave porque essa “divindade” quer governar através do consentimento da população nas urnas, ainda que, para isso, costume despejar malas e malas de dinheiro, bem como promessas de cargos e vantagens para os sensíveis aos seus “encantos”. Alckmin ou picolé de chuchu – sem gosto e sem graça- padece, assim como outros “abençoados” que lhe antecederam – Temer é um bom exemplo - da falta de carisma e aceitação popular de  um Vargas ou de um Lula. Quando o carisma e a aceitação do oponente é um problema intransponível, os sacerdotes do “deus” mercado fazem de tudo para tirá-lo de cena. Lula, apesar das oferendas que fez a “deus” mercado quando foi eleito em 2002 e durante seus dois mandatos (ver aqui e aqui), foi “amaldiçoado” por conta de uma certa retomada do nacional desenvolvimentismo de Vargas, sendo esse o motivo maior de seu aprisionamento numa cela de  Curitiba. Alckmin, diferentemente de Lula, é um devoto totalmente fiel e servil ao “deus” mercado e por isso foi “ungido” como seu candidato principal em 2018 (ver aqui),ou seja, com a missão de dar continuidade às medidas malignas iniciadas por Temer.

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