Por Fernando Lobato_Historiador
Prosseguindo
com a análise das candidaturas ao Planalto, falaremos de Jair Bolsonaro. O capitão da reserva do Exército e deputado federal
por sete mandatos consecutivos (1990-2018) é o candidato do extremismo de direita, em alta no mundo desde a crise financeira
de 2008 (ver aqui). Em tempos de crise
do capitalismo, tal como a de 1929 (ver aqui), cresce o descontentamento e a
revolta dos mais pobres com o desemprego, a miséria e os problemas decorrentes.
Cresce também o desencanto e a revolta contra um sistema de 250 anos que se caracteriza
pela enorme concentração de riqueza no topo da pirâmide social. Em 2017, 82% de toda a riqueza mundial
estava nas mãos de 1%
da população do planeta (ver aqui). Isso significa que os 99%
restantes, ou seja, quase a totalidade da população mundial, divide os 18% que
sobra. Essa extrema desigualdade se tornou parte da paisagem não apenas de
países periféricos como o Brasil, que está entre os mais desiguais do planeta
(ver aqui), mas também de países do centro do capitalismo como EUA, Inglaterra e
França. Em momentos assim, cresce a aceitação de políticos e partidos de
esquerda, ou seja, que denunciam as injustiças do modelo capitalista e defendem
projetos socializantes que, via de regra, atingem o bolso e o patrimônio dos
mais ricos.
Foi
o aumento da credibilidade da esquerda que provocou o Movimento Ocuppy Wall
Street (ver aqui), em 2011, e, antes disso, a ascensão de políticos como Hugo Chavez, na Venezuela, e Lula, no Brasil. Após a crise de 2008, partidos
como o PODEMOS, na Espanha (ver aqui) e o Syriza, na Grécia (ver aqui), geraram medo e
preocupação nos muito ricos . Quando confrontados nesses momentos, os muito ricos costumam abrir
seus cofres para projetar políticos histriônicos e polêmicos que são colocados
em evidência com um único fim: ATACAR A ESQUERDA SOCIALISTA e se mostrar como
uma alternativa viável de poder. Foi assim na Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler (ver aqui), e, mais
recentemente, com TRUMP nos EUA. Os muito ricos do Brasil, depois de 13 anos
de PT no Planalto, de um golpe que não conseguiu estabelecer totalmente seus
objetivos e do fracasso na tentativa de destruição da reputação e aceitação de
Lula, precisavam desesperadamente de alguém com o perfil de Jair Bolsonaro, ou
seja, de alguém com cara de pau suficiente para se anunciar como o salvador da
pátria, da família e dos bons costumes, apesar de não passar de mais um
espertalhão interessado em lucrar com o desespero dos mais ricos.
Bolsonaro,
sempre foi um político tosco e sem preparo intelectual, mas tem disposição e
cara de pau de sobra para cumprir o papel para o qual está sendo muito bem pago.
Com muito dinheiro rolando por debaixo dos panos para financiar seu nome e sua
imagem, Bolsonaro sabe que só tem a ganhar cumprindo esse papel. Ele representa, portanto, os setores mais
reacionários e atrasados da sociedade brasileira e que melhor representam o que
o sociólogo Jessé de Souza chama de elite do atraso (ver aqui). A intenção
maior por detrás da grana farta que financia Bolsonaro não é propriamente a sua
vitória nas urnas, mas o uso de sua imagem para tentar "satanizar" e enfraquecer
os que ameaçam o bolso dos muitos ricos, ou seja, a esquerda comprometida com o
combate das injustiças sociais e com a proteção dos direitos dos trabalhadores.
Os 99% da população brasileira, se conhecessem bem a História, jamais
cogitariam votar numa figura tão estapafúrdia e bizarra como Jair Bolsonaro. A
ignorância, porém, cobra seu preço e que Deus nos proteja da ignorância e do anticristo, ou seja, do falso messias.
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