O debate da Band, os postulantes ao Planalto e candidatura de João Amoêdo


Por Fernando Lobato_Historiador

Prosseguindo com a análise das candidaturas ao Planalto, falaremos de João Amoêdo. O mais rico postulante ao planalto em 2018 e, muito provavelmente, de todas as eleições já realizadas no Brasil, declarou ao TSE o estratosférico patrimônio de R$ 425 milhões (ver aqui). Ele fez sua fortuna atuando como banqueiro, ou seja, se apropriando, através da cobrança de juros, de parte do suor dos que obtinham empréstimos em seu banco. Banqueiros, é importante frisar, fazem parte do 1% da população mundial que detém 82% de toda a riqueza do mundo. É gente que quanto mais tem, mais quer e, para que continuem lucrando, defendem ferrenhamente a LIBERDADE DE MERCADO (NEOLIBERALISMO).
Não dizem, todavia, que se trata da liberdade para especular e lucrar horrores em transações que, na maioria das vezes, desprezam a ÉTICA e o RESPEITO ao interesse público. Um bom exemplo é o multimilionário GEORGE SOROS, um especialista na “arte” de quebrar bancos nacionais para lucrar em cima da desgraça de milhões de pessoas. (ver aqui). Quem prestar atenção no discurso de Amoedo, logo perceberá que a palavra que mais usa é PRIVATIZAÇÃO, ou seja, entrega a preço de banana de bens públicos para grupos privados. De cara, pretende privatizar a Caixa Econômica e o Banco do Brasil (ver aqui), ou seja, os que concorrem mais fortemente com os grandes bancos privados (Bradesco, Itaú, Santander e outros). Se os juros sempre estiveram nas alturas com essa concorrência, imaginem sem ela?
Amoêdo é, portanto, mais uma personalidade que teve sua ambição e vaidade aguçadas pelo clamor popular por figuras novas na política. Clamor esse que, em 2016, elegeu João Dória como prefeito de São Paulo e que, até meses atrás, embalava a pretensão presidencial de Luciano Huck e Joaquim Barbosa (ver aqui e aqui). Os dois, felizmente, sentiram que se tratava de um sedutor canto de sereia e, no final, descartaram a ideia. Amoêdo, porém, ouviu o canto e está encantadíssimo por ele. Como João Dória, ele diz assim: não sou político, nunca fui político, nunca tive mandato e, portanto, mereço ser votado por vocês.  É preciso dizer para Amoêdo que não basta ser novo na política e ser candidato por um partido que se chama NOVO.  Um nome, aliás, que é puro FAKE, pois o liberalismo econômico de Amoedo é velho, surrado e com mais de 300 anos (ver aqui).  Além disso, trata-se de uma proposta que sempre resultou em fracasso e revoltas sociais onde foi seguida à risca. O caso da Grécia é um dos exemplos mais recentes (ver aqui).
Não é preciso ser um candidato novo, mas, com toda certeza, é preciso ter um passado de luta e sacrifício em favor da população para ocupar a presidência ou, pelo menos, um que sirva como crédito. FHC, antes de ser presidente, tinha um passado de intelectual e homem público respeitável. Lula, que o sucedeu, podia bater no peito e dizer que havia liderado greves em plena Ditadura Militar e feito do PT um dos partidos mais populares do mundo. Dilma, que o sucedeu, tinha o passado de guerrilheira e as cicatrizes das torturas sofridas no DOPS (ver aqui). Qual o crédito que Amoêdo tem além de sua fabulosa fortuna particular? Ele poderia começar na vida pública como um empreendedor social, ou seja, investindo parte de sua fortuna em projetos sociais para beneficiar pessoas carentes, mas, em vez disso, logo de cara, quer ficar com a chave do cofre onde está o dinheiro de toda a nação brasileira. Vale a pena confiar no discurso meloso um banqueiro que nada fez além de enriquecer? 

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