A Lei Maria da Penha, o sequestro da jararaca e o golpismo suspenso no ar

Por Fernando Lobato_Historiador

         “O Brazil não conhece o Brasil. O Brasil nunca foi ao Brazil. O Brazil não merece o Brasil. O Brazil tá matando o Brasil. Do Brasil, SOS ao Brasil”. Começo essa postagem com trechos da letra de “Querelas do Brasil”, escrita por Aldir Blanc e Maurício Tapajós em 1978 (ver aqui). Ela fala da relação do Brazil (com Z) dos gringos, que aqui aportaram em 1500 e que nos governam até hoje, com o Brasil dos brasileiros e brasileiras que vivem na dureza e que continuam longe de ver o “sol da liberdade” mencionado em nosso hino.
O Brasil (com S) é o da cearense Maria da Penha, ou seja, o da  5ª maior taxa de feminicídio do mundo (ver aqui). Maria da Penha que, por sinal, é um exemplo da surdez do Brazil para com os que gritam e clamam por justiça. Surdez que durou 23 longos anos, mais até que a Ditadura Militar (1964-1985), e que acabou quando a Comissão dos Direitos Humanos da OEA juntou-se aos gritos dela  (ver aqui). E assim, com a força dos gritos do exterior e não da ação do nosso parlamento, nasceu a lei sancionada, em 2006, pelas mãos de Lula, o 1º filho do Brasil a sentar no “trono” do Brazil.
        Lula é o mesmo que disse que, para sentar e permanecer no “trono” do Brazil, teve de aceitar governar com os “Judas” da nação (ver aqui). Para criar o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida,  o Luz para todos e o aumento da rede pública universitária e dos institutos federais, por exemplo,  teve de garantir o BOLSA EMPRESÁRIO e o BOLSA BANQUEIRO para os Judas (ver aqui). Nossos “Judas”, portanto, não se contentam com meras 30 moedas de prata como o original.
O pacto de convivência amistosa entre Lula e os Judas “donos” do Brazil, conforme sabemos, terminou com a vitória de Dilma em 2014. Os Judas decidiram que não era mais possível conviver com a jararaca do petismo (ver aqui). Partiram então pra cima dando-lhe a 1ª porretada com o impeachment de Dilma. A seguinte foi empurrar na goela da  “jararaca” o próprio veneno, ou seja, a lei sancionada em 2010: Lei da Ficha Limpa. As porretadas, porém, não acertaram a jararaca na cabeça (ver aqui) e ela, apesar de agonizante, teve forças e habilidade para escapar da morte apelando para os antídotos jurídicos que o advogado Cristiano Zanin tirou de sua cartola.
O Brazil, como esperado, deu de ombros e os antídotos de Zanin incluíram a Comissão de Direitos Humanos da ONU que, como esperado, ouviu os gritos de Lula. Bolsonaro e os demais reacionários protestaram e, por fim, conseguiram nos afastar da jurisdição do Direito Internacional (ver aqui). Sequestrada e impedida de usar suas armas mais poderosas, a língua e o carisma, jararaca acionou um SOS ao Brasil através de seu substituto em 2018: Fernando Haddad. Pelo que as pesquisas começaram a indicar essa semana, o Brasil corresponderá ao pedido de SOS (ver aqui).
O Brazil, na visão do comandante do Exército, é uma nau à deriva (ver aqui), ou melhor, que não está na rota seguida desde o fim da 2ª Guerra Mundial, ou seja, no  rumo do Atlântico Norte (EUA), pois os fortes “ventos” da era petista a empurraram na direção do Oceano Índico (China) – ver aqui. Para que a nau seja colocada de volta na direção “correta”, Mourão, vice de Bolsonaro, sugere até que o Brazil faça uma nova constituição sem o voto do Brasil (ver aqui).
O desespero e revolta do Brazil com o Brasil, como se vê, está  na iminência de um surto tresloucado, visto que nem toda a artilharia da Rede Globo e da grande mídia, a estridência e pirotecnia do Trump tupiniquim criado pelo marketing fascista – Bolsonaro -, a ameaça crescente dos milicos saudosos de 64 e o terrorismo do mercado financeiro contra Lula e a esquerda (ver aqui) parecem ser suficientes para fazer o Brasil se convencer de que precisa do Brazil.  O golpismo tende a permanecer suspenso no ar em busca de uma brecha ou fato que lhe possibilite desconsiderar  um resultado indesejado  nas urnas. Estejamos atentos!

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