Por Fernando Lobato_Historiador
Luís
Inácio Lula da Silva, o homem que
liderou as greves dos metalúrgicos do ABC em plena Ditadura Militar (1964-1985)
– ver aqui - e que depois se tornou o nome e o personagem central na construção
do partido mais popular da História do Brasil, o PT (ver aqui), é um sobrevivente da seca e da miséria que marca um país forjado em mais de 350 anos de
escravidão legalizada (ver aqui). Escravidão que, 130 anos depois de criminalizada
pela Lei Áurea, ainda persiste nas áreas rurais e urbanas de todas as regiões
do país (ver aqui).
Um
país que é extremamente rico e que, por isso, permanece tutelado pelos países de
capitalismo mais avançado. Brasil que, desde a chegada de Pedro
Álvares Cabral, em 1500, teve sua gente e suas riquezas exploradas de forma
impiedosa e sem escrúpulos pelos europeus e estrangeiros que aqui chegavam e
que enxergavam condições extremamente favoráveis para enriquecer a custa da
exploração de indígenas e negros, ou seja, daqueles que formaram a base do que
é hoje o povo brasileiro.
Lula
foi o 1º
filho do povo brasileiro a sentar na cadeira presidencial não por vontade das
elites que o controlam e exploram há mais de 500 anos, mas pela vontade
daqueles que, pela 1ª vez na sua História, se viram efetivamente representados
no poder maior do país. Lula não foi, nem de longe, o presidente que eu, como
historiador, gostaria que tivesse sido. Foi um presidente que, desde o início,
me decepcionou pelo pacto que firmou com grande parte daqueles que sempre
estiveram no polo dos algozes e parasitas da nação, ou seja, de um monte de vagabundos – esse é o termo correto -
descendentes de famílias que sempre enriqueceram à custa da ignorância e
necessidade dos mais pobres.
São esses vagabundos, aliados de interesses
internacionais, que, infelizmente, continuam no comando das engrenagens do
estado brasileiro. São esses vagabundos também que elegem a maioria dos
governadores nos estados, dos prefeitos nos municípios, dos vereadores, deputados,
senadores. Foram esses vagabundos espertalhões os que geraram boa parte dos que
hoje estão nos Tribunas de Contas dos estados e nos tribunais de “justiça”. Gente que hoje fala em MERITOCRACIA, ou seja, em não
dar o peixe ao pobre e sim ensiná-lo a pescar. É gente que nunca pegou no
pesado para sobreviver e que são oriundos de famílias que, na maioria dos
casos, enriqueceu através de maracutaias com o dinheiro público.
Lula disse certa vez que, se Jesus Cristo
governasse o Brasil, teria de chamar Judas para compor o governo junto com ele
(ver aqui). E essa frase resume o enredo da trajetória que o levou à cela de Curitiba.
Lula confiou demais na própria capacidade
de pactuar e convencer as elites de que, com ele, o Brasil ficaria em paz e
trilharia melhorias mesmo sem aranhar ou mexer na injusta e desigual estrutura
política, tributária, agrária, urbana e social que perdura no país. No fim
das contas, Lula apostou demais no famoso jeitinho brasileiro, ou seja, no conciliar,
acomodar e ir levando as coisas com a barriga. Desde que os empregos continuassem
em alta, os direitos dos trabalhadores fossem mantidos e os pobres tivessem
acesso a programas sociais, tudo ficaria bem.
NÃO
FICOU! os espertalhões vagabundos de que falei, tal como os senadores da Roma de Júlio César, Aécio Brutus Neves entre eles, espreitavam, tramavam e esperavam o momento certo de dar os golpes fatais (ver aqui). Tombado o inimigo cuja popularidade não tinham como superar nas urnas, trataram logo de fazer o serviço sujo solicitado
pelos tubarões do capitalismo nacional e internacional: PEC DO TETO
(EC/95), Reforma Trabalhista e Reforma da Previdência. A pressa e a dificuldade para vender o peixe
estragado antes do fim de 2018, porém, atrapalhou e o povo começou a perceber
que foi enganado com frases do tipo “a justiça tá sendo feita”, “a Lava-jato
está limpando o país”, etc. O povo
percebeu, então que, uma das formas de denunciar a farsa é declarar que votará
no presidiário de Curitiba ou naquele que ele mandar votar. É isso que faz
Lula estar disparado nas pesquisas e, se pudesse concorrer, ganharia de lavada
já no 1º
turno.
Acontece
que os golpistas de 2016 foram longe demais e, para além do golpe em nossa
frágil democracia e no aberto ataque ao interesse público e à vontade
popular, estão também rasgando os acordos que o país assumiu com a ONU (ver aqui). O Brasil virou uma novela cujo desfecho ainda é difícil de prever. As
elites e os tubarões querem que voltemos a ser colônia e que nos conformemos com a volta à escravidão. O povo brasileiro, por sua vez, quer,
pelos menos, a volta das migalhas que lhe estavam sendo jogadas durante a era petista.
É uma equação difícil de resolver pela via pacífica e, por isso, o extremismo está tão em alta e militares conservadores já se assanham para estabelecer uma ditadura real no lugar da disfarçada hoje em vigor (ver aqui). Ceder às elites é aceitar voltar à
escravidão, de modo que a única opção que nos resta é enfrentar as feras,
principalmente por parte dos jovens, que estão tendo as chances de um futuro
digno cada vez mais ameaçadas. Meu voto, em 2018, não será em Lula ou no seu substituto,
mas entendo o ato de rebeldia que significa o voto no 13. Não é algo racional
em face das contradições e equívocos de uma sigla que se perdeu no meio do
caminho, mas que é perfeitamente compreensível no momento atual.
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