Eles se multiplicaram e estão muito confiantes, mas podem ser derrotados pelos humanos Por Fernando Lobato_Historiador |
A blitzkrieg de fake news da
campanha nazibolsonarista não atingiu o alvo desejado, ou seja, vencer no 1º
turno. Graças aos votos, sobretudo, dos paraenses e nordestinos, Haddad ainda
está vivo, embora numa situação bem difícil. Todavia, o prolongamento da luta até
o dia 28 lhe oferece uma oportunidade para explorar as muitas limitações e
fragilidades do candidato da extrema-direita, bem como a chance de desconstruir
muitas das fake News produzidas pela campanha suja e odienta do adversário,
amplamente ancorada em factóides disseminados pelas redes sociais (whatsup,
twitter, facebook, etc), responsáveis
pela expansão da luta para o chamado mundo virtual ou cibernético.
O Brasil de
2018, conforme postagem anterior, foi transformado numa realidade parecida com aquela
do filme MATRIX de 1999. Robôs, perfis falsos, fake news inteligentemente
construídas viraram soldados de primeira linha na guerra eleitoral, atuando de
forma parecida com os agentes Smiths do filme de grande sucesso. Na ficção
MATRIX, a quase totalidade dos humanos vivem sob domínio mental das máquinas,
mas não se apercebem disso porque as máquinas os conservam presos à realidade
virtual que criaram.
A MATRIX do filme, portanto, é uma realidade
que existe somente na cabeça das pessoas.
Quase ninguém desconfia do caráter virtual da realidade porque a grande
maioria a percebe como real. Para que um humano perceba a realidade concreta, sua
mente precisa ser desconectada da MATRIX, mas quando isso acontece, os agentes
Smiths – soldados da MATRIX- entram em cena para eliminar a ameaça ao STATUS QUO vigente. A batalha na
MATRIX ficcional, portanto, se dá entre humanos livres e rebelados – que querem
libertar a raça humana escravizada - e as
máquinas – que lutam para garantir a sobrevivência do mundo que criaram: a
MATRIX.
Fazendo uma
analogia entre a ficção retratada no filme Matrix com a realidade política
vivida no mundo capitalista global, fica claro que os humanos livres e
rebelados representam a ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA, enquanto os agentes Smiths –
as máquinas protetoras da MATRIX – representam a DIREITA REACIONÁRIA OU
CONSERVADORA. A esquerda, que privilegia
o humano e o sensível, quer revolucionar para libertar, enquanto a direita
reacionária quer conservar e manter o sistema do jeito que sempre foi, ou seja,
com ricos e pobres nos seus devidos lugares.
A polarização
no 2º
turno presidencial de 2018, em que pese as concessões do petismo aos interesses
do sistema nos 13 anos de Lula e Dilma no Planalto, acabou, em boa medida,
reproduzindo o padrão acima. Embora sem nenhum caráter revolucionário,
pois o petismo conciliou em larga medida com os interesses do grande capital, a
chegada de Haddad no 2º turno o coloca nesse papel, principalmente pelo fato de
Bolsonaro ser o seu adversário, ou seja, um oponente declaradamente conservador
e reacionário, a ponto, inclusive, de apoiar a desigualdade entre homens e mulheres
no mercado de trabalho (ver aqui).
Haddad e o PT,
portanto, representam o polo humano no 2º turno presidencial, ou seja, a
pretensão de revogação da reforma trabalhista aprovada por Temer, a anulação da
PEC que congelou os gastos do estado por 20 anos, a volta da publicação do
cadastro das empresas pegas explorando trabalho análogo ao escravo, a
manutenção de programas sociais como o Bolsa Família, o aumento das vagas nas
universidades públicas, a ampliação da rede dos institutos federais de
educação, aumento das áreas de terra destinadas à reforma agrária, demarcação
de áreas indígenas, expedição de título de propriedade à comunidades
quilombolas, etc.
Bolsonaro e o seu
PSL representam o polo do apoio e proteção ao sistema com todas as mazelas
sociais que este produz, ou seja, manutenção da reforma trabalhista de Temer e da desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho,
manutenção do teto de gastos do estado por 20 anos, precarização na
fiscalização do Ministério do Trabalho e o aumento da exploração de trabalho análogo à
escravidão, esvaziamento dos programas sociais, incentivo à educação privada em
prejuízo da escola pública, entrega de terras indígenas às grandes mineradoras
e madeireiras, expulsão dos quilombolas de suas terras, etc.
Como sou humano, ficarei do lado dos
humanos: votarei 13 no dia 28 de outubro.
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