Por Fernando Lobato_Historiador
O ano 2018 terminou
sem que Fabrício Queiroz se apresentasse ao Ministério Público para dar
explicações sobre os mais de R$ 1,2 milhão em sua conta em apenas um ano como
assessor de Flávio Bolsonaro. Não se apresentou porque, a bem da verdade, não
tem como explicar o inexplicável e a entrevista dada ao SBT em 26/12 apenas
comprova isso (ver aqui). As investigações, se feitas com a seriedade devida,
irão revelar o óbvio. A favor da blindagem não apenas de Flávio, mas também do
pai presidente e da madastra primeira dama – é bom não esquecer que o cheque de
R$ 24 mil foi parar na conta dela (ver aqui) – está a necessidade de preservar
o mito de honestidade criado em torno da figura do presidente recém-empossado. Mito, como sabemos, é uma ficção criada com um
devido fim, ou seja, somente tem existência na cabeça dos que creem na sua
realidade. Jair Bolsonaro, depois de 27 anos na Câmara dos Deputados, portanto,
precisa manter a qualquer custo o mito da virgem que se manteve imaculada mesmo
morando no bordel.
Essa tarefa é
dificílima em face da montanha de informações acessíveis aos curiosos, de modo
que a lista do COAF, apesar de ter sido um acidente de percurso, pois o foco não
era a movimentação financeira no gabinete do filho de Bolsonaro, é um claro
indício de que muito ainda será revelado se as investigações se aprofundarem. Outro mito que já começa a ser
desacreditado é o do combate implacável à corrupção e o de uma nova ética pública que
estaria sendo inaugurada no país. Mal foi empossado no cargo de Presidente do
Banco do Brasil, Rubem Novaes, “sem nenhuma pressão ou exigência de quem quer
que fosse”, enxergou talentos especiais no filho do vice Mourão. O amor à pátria,
tão pronunciado em verso em prosa pelos novos ocupantes do poder, deveria fazer
o pimpolho do general, que falou em intervenção militar para moralizar o país e
defende o fim do 13° salários para os brasileiros comuns (ver aqui e aqui), aceitar
a nova missão sem aumento salarial. Só que não. Por ter caído nos encantos do
novo presidente do BB, o filho de Mourão terá o salário triplicado, ou seja,
saindo dos atuais R$ 12 para exatos R$ 36 mil mensais.
O deus acima de todos que vai ganhando
relevância na gestão Bolsonaro tem por nome MAMOM (o deus dinheiro). É o deus que, quando adorado, provoca o
esquecimento e desprezo do Deus Cristão, tal como está em Lucas 16:13. A defesa da família, outro slogan muito usado pelo
candidato e seus apoiadores, está também plenamente comprovada. Antes de ser
presidente da república, Bolsonaro encaminhou a vida de todos os filhos usando
sua influência para elegê-los em cargos políticos. Não deixou também de cuidar
da família dos amigos mais próximos, visto que empregou, no seu gabinete e
depois no do filho, não apenas o hoje investigado Fabrício Queiroz, mas também sua
mulher e sua filha que, não por acaso, também estão encontrando grandes
dificuldades para falar diante dos procuradores do Ministério Público (ver aqui). Não se pode, portanto, criticar Mourão por estar colocando a família em 1°
lugar, pois esse é um dos preceitos que a direita
costuma observar quando está no poder.
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