Os arrombadores do rombo, o índio sem apito e o me dá um dinheiro aí do governo Bolsonaro


Por Fernando Lobato_Historiador

             É carnaval no Brasil de 2019 e uma marchinha não sai da minha cabeça: “Ei você aí! me dá um dinheiro aí! Me dá um dinheiro aí!”. Quem pede, porém, não é nenhum folião, mas o “governo Bolsonaro”. Apesar do verbo “DAR” da letra,  a verdade é que nosso dindin foi tomado a força com a não correção da tabela do IR de 2019 (ver aqui).  Eu, você e todos os que trabalham, portanto, terão de dar mais dinheiro para alimentar um leão cuja fome é insaciável e, a julgar pelos números do SINDIFISCO, já devorou a mão e o braço de boa parte da população, visto que o acúmulo de não correções já está perto de 100% (ver aqui). Diz a lenda contada pelo governo – repetida desde que Meirelles se tornou Ministro da Fazenda em 2016 – que tudo é culpa das irresponsabilidades fiscais de Lula, Dilma e do PT.
É preciso, diz a lenda, tomar mais dinheiro nosso para diminuir o rombo das contas públicas. Olhando os números divulgados, constatamos que, quando Dilma foi impeachtmada, o rombo estimado para 2016 era de R$ 90 bilhões. Mal se tornou ministro, Meirelles anunciou um rombo aumentado em mais 80 bi, ou seja, mais de R$ 170 bilhões. Na ocasião, disse que Meirelles criara e ocupara um novo cargo no poder federal: o de arrombador-geral da república (ver aqui). Se os generais-presidentes da ditadura criaram o slogan “integrar para não entregar” – referindo-se a uma suposta ameaça comunista rondando a Amazônia -, Meirelles reciclou não oficialmente esse slogan adotando o “arrombar para mais rápido entregar”, visto que uma das formas que apontava para diminuir o rombo era a privatização de tudo quanto fosse possível, ou seja, acenava com uma nova rodada de privatizações ainda mais radical e intensa que a PRIVATARIA TUCANA dos tempos de FHC.
Outra lenda que o “governo” Bolsonaro aproveitou do “governo” Temer, fato que já estava escrito nas estrelas com sua continência à bandeira dos EUA, é a de que a REFORMA DA PREVIDÊNCIA é vital para a recuperação do país. Sem ela, diz a lenda, o país não sai do lugar. Sem parar a mídia reconta essa lenda para que todos se convençam de que a lenda não é lenda. A mesma coisa foi dita por Temer – recordar é viver – quando fazia propaganda terrorista em favor da aprovação da PEC 241/55, que congelou o teto dos gastos públicos por 20 anos. Naquela ocasião, tal como hoje, não se tratava de fazer nossa economia andar, mas sim garantir caixa para continuar pagando os altos juros da dívida pública, que cresce, ano após ano, sem teto e sem controle de nenhum poder da “república”. Iremos, é bem verdade, pagar e trabalhar mais para podermos, quem sabe um dia, desfrutar um pouco daquilo que pagarmos por anos a fio. Isso me fez lembrar de Renato Russo do Legião Urbana: “quem me dera ao menos uma vez ter de volta todo ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade se alguém levasse embora até o que eu não tinha” (Índios, 1986).
Não bastasse isso, Paulo Guedes, o presidente efetivo da república das bananas brasilis, quer ainda capitalizar a nossa previdência para que muito mais dinheiro fique disponível nos cofres de seus representados (os banqueiros). Pelo estratagema montado, os filhos e netos do Brasil terão de se aposentar apenas com aquilo que contribuírem ao longo da vida. Se contribuir bastante, recebe um pouco daquilo que pagou, visto que o banco não repartirá, com o contribuinte, os juros que acumulou emprestando os valores arrecadados todo santo mês. Se contribuir com nada, receberá também um nada como pagamento, pois o dinheiro que a Constituição de 1988 reservou para a Seguridade Social já estará comprometido com o pagamento dos juros da dívida que o país contraiu com Paulo Guedes e sua trupe. BRASILZILZIL! É penta! É penta! Lembrei agora da Globo e do Galvão Bueno. Por que será, hein?

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