O estado patrimonialista, a legalização da extorsão e a tal Reforma da Previdência

Bárbaros e piratas comemorando mais uma pilhagem praticada contra o povo brasileiro
Por Fernando Lobato_Historiador

O poder instituído no Brasil sempre foi patrimonialista – extensão da casa grande - e desumano com quem trabalha. Isso é assim desde o tempo das capitanias hereditárias e do Governo-Geral (ver aqui e aqui). Nas terras cujo nome veio do pau que a sede de lucro quase extinguiu (ver aqui), os que suam para produzir o luxo e a boa vida da “nobreza” que continua nos explorando são os mesmos que o estado costuma roubar e extorquir através de medidas “legais”. A Reforma da Previdência, prestes a ser aprovada, será apenas mais um capítulo na longa lista de roubos e extorsão  já praticados contra o povo brasileiro.
Nossas elites política e econômica não sofrem de crises éticas na hora de praticar crimes contra o povo brasileiro e tem a cara de pau de justificá-los em nome de um tal  interesse nacional. Sua frieza e cinismo se parecem muito com a atitude de Sérgio Moro ao dizer que o conteúdo da Vaza Jato não tem nada de mais e que o mesmo não passa de “balões vazios” (ver aqui). Desde que aqui surgiram as primeiras plantações de açúcar, tabaco ou algodão e que resultaram no maior crime que a lógica capitalista já praticou contra a humanidade - o tráfico negreiro - a elite econômica usa marionetes para defender e proteger seus negócios escusos e imorais.
 A lógica que sempre se insurgiu contra a lógica capitalista do lucro sem limites, ou seja, a dos DIREITOS HUMANOS, por aqui sempre foi ignorada. Nesse sentido, não há nenhuma novidade num governo que debocha dessa lógica dizendo se tratar de “DIREITOS DOS MANOS” ou de bandidos. O escândalo com um presidente que faz a defesa pública do trabalho infantil (ver aqui) é o que, historicamente falando, deve ser visto como novidade. O Brasil sempre foi um grande escândalo e um presidente escandaloso e obsceno como o atual está perfeitamente em sintonia com nossa realidade escandalosa.
A privatização da Vale do Rio Doce pelas mãos do tucano FHC (ver aqui) e os desastres de Mariana e Brumadinho são exemplos desse Brasil que não se cansa de escandalizar o mundo, de modo que os 39Kg de cocaína no avião presidencial de apoio é só mais um caso a se somar numa longa lista (ver aqui). Quem tentou inovar a realidade brasileira foi a Constituição de 1988, feita após o fim da Ditadura Militar. Foi ela que buscou nos civilizar ao tentar fazer valer aqui o caráter público do estado e o respeito aos direitos humanos. Eis porque começou a ser rasgada, página por página, desde que foi promulgada, através de uma série de emendas e a da tal Reforma da Previdência será mais uma.
Nossas elites não gostam do estado democrático e muito menos dos direitos que ele tem por obrigação garantir e proteger. Nossas elites odeiam a civilização no sentido pleno do termo, ou seja, o da valorização do humano e o refinamento e zelo no trato  da coisa pública. No estado de direito que desejam, o que deve estar legalizado é a sua vontade de manter o Brasil na barbárie que sempre foi e continua sendo a nossa cara. Elas querem voltar a andar armadas igual aos coronéis de antigamente e ter permissão para matar e esfolar todos os que se insurgirem contra as barbaridades que continuam praticando em nome do lucro obsceno e desonesto. 

Comentários