Por Fernando Lobato_Historiador
A pandemia do
novo coronavírus impôs o uso de máscaras, que tornou-se item obrigatório no
vestuário da população. A máscara, nesse caso, serve como EPI, ou seja,
isolamento do nariz e da boca em relação ao ar contaminado. A máscara, como
proteção sanitária, esconde o rosto, mas não tem por fim inviabilizar a
identificação de quem a usa, bem diferente, por exemplo, daquele que usa desse expediente
para praticar delitos. As máscaras contra o novo coronavírus, portanto, são
necessárias e de grande importância na vida coletiva do momento e quem a usa
não necessariamente é um mascarado.
O mascarado, de
forma bem diferente, pode até nem usar máscara, mas, ainda assim, esconde o
rosto e a identidade, visto que é capaz de projetar uma imagem que não é sua.
Quem olha o mascarado, portanto, vê uma ilusão ou falsificação da realidade e
não ele mesmo. O mundo político é, com toda certeza, o que mais fabrica
mascarados e são eles que, na maioria das vezes, vencem as eleições, pois o povo elege não a pessoa do
candidato, mas a imagem que o mascarado foi capaz de projetar. Quando a máscara
deste cai e o público o vê como realmente é, ocorre a decepção que hoje se vê,
por exemplo, nos que votaram em Bolsonaro em 2018.
A maioria ignorou
completamente a pessoa deste e sua história de vida, fato que se intensificou com
a facada atribuída a Adélio Bispo, que serviu ainda para mascarar a sua
completa incapacidade para enfrentar debates ou questionamentos públicos, tal
como se vê com a resposta E DAÍ? dada em 28/04 (ver aqui). Bolsonaro nunca foi
neoliberal radical, mas botou essa máscara para ter o apoio do mercado
financeiro via Paulo Guedes. Provavelmente nunca acreditou em Deus ou em Jesus,
mas botou a máscara de evangélico e passou a ir à igrejas para ter o apoio de
mega-empresários da fé como Macedo e Malafaia, que estimulam o seu negacionismo
do novo corona vírus porque seus negócios, tal como a roda capitalista, não
podem parar (ver aqui).
O grande feito
do mascarado Bolsonaro, além dos acima, sem dúvida alguma, foi a projeção da
imagem de paladino contra a corrupção. Foi uma operação, diga-se de passagem,
muito bem feita, mas que custou muito dinheiro, dificílimo de ser contabilizado
porque tudo foi feito por baixo dos panos. Nessa operação, primeiro
projetaram implacavelmente a imagem de CORRUPTOS em Lula, Dilma e no PT e,
depois, projetaram a de ANTIPETISTA RADICAL em Bolsonaro. Pela lógica infantil
e débil do senso comum, se BOLSONARO era antipetista, seria também
anti-corrupção, fato que nada tem haver com os seus 27 anos de parlamentar
improdutivo e de vida boa à custa de trambiques com o dinheiro público (ver aqui).
Para
fortalecer essa ilusão no eleitor, chamou Sérgio Moro para seu ministério, que,
tudo leva a crer, aceitou por ver aí um caminho mais curto para o STF, visto
que Alexandre de Moraes, o mesmo que hoje barrou RAMAGEM no comando da PF, foi
ministro da justiça de TEMER (ver aqui). Bolsonaro não queria perder Moro e
Moro não queria ser candidato em 2022, queria a vaga no STF. O desespero de
Bolsonaro com as investigações em curso contra ele e a família, porém, o forçou
a se jogar nos braços dos deputados corruptos do centrão (ver aqui) e a invadir
o quintal de Moro, acreditando que ele tudo engoliria em nome da vaga no STF. O apelo de Carla Zambelli reforça essa
impressão (ver aqui).
Acontece que o principal patrimônio de Moro é a
tal fama de paladino anti-corrupção e, perdendo isso, nada mais lhe restaria.
Ficar com Bolsonaro, nas condições impostas pelo ex-chefe, o faria cúmplice e
completo refém dele e a demissão se tornou a única saída com algum grau de
honradez. Eis porque ele saiu atirando, pois necessita reforçar a tinta na sua
própria máscara, pois dela muito necessitará daqui para frente, pois, sem
chances de ir para o STF, Brasília, o lar da maioria dos mascarados brasileiros,
é o único destino honroso possível, resta saber se como Deputado Federal,
Senador ou Presidente da República. Teremos essa resposta em 2022, mas o que
importa no momento é que suas denúncias sejam
capazes de dar um pé na bunda do mascarado eleito em 2018 (ver aqui), que não
cansa de nos envergonhar perante o mundo
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