Por Fernando Lobato_Historiador
O atual mandatário do país já
declarou, quando era um mero vereador na cidade do Rio de Janeiro, que o erro
da Ditadura Militar (1964 a 1985)
foi não ter matado pelo menos umas 30 mil pessoas, começando pelo então
presidente FHC (1994-2002) – ver aqui. Até 31 de março de 2021, dia em que o atual
presidente e seus aliados militares pretendem comemorar o golpe de 1964 - ver aqui, a
morte por covid-19, pelo que os números indicam, deverá atingir uma marca em torno de 330 mil vítimas, ou
seja, 11 vezes mais que o total mencionado por ele na década de 1990.
As mortes praticadas pelo estado brasileiro na
época da ditadura militar objetivaram silenciar e tirar de cena todas as forças
políticas, fossem de esquerda ou não, que levantassem a voz para denunciar a
obscenidade da permanência da miséria e da pobreza num país cada vez mais rico
economicamente. Eliminou-se não apenas o discurso socialista, mas as próprias
pessoas com coragem para defendê-lo. Selvageria praticada pelo
estado para impedir um ambiente político democrático e questionador de um
modelo econômico marcado pela promiscuidade das relações entre o estado e as
grandes corporações privadas.
Promiscuidade que ceifou não apenas a vida dos
opositores políticos do regime, a grande maioria de esquerda, mas também, direta e indiretamente, a de
muitos milhões de brasileiros e brasileiras que permaneceram vivendo sem renda
ou de minguados salários. Vida sem assistência à saúde, sem educação pública de
qualidade, sem saneamento básico, sem moradia digna. Muitos milhões forçados a
viver por mais de 20 anos debaixo de duas tiranias: a do estado sob intervenção militar e a do crime
cada vez mais organizado que, desde aquela época, já mandava e desmandava nos
morros e favelas das grandes cidades.
A ditadura de ontem foi implantada usando o
discurso de defesa da democracia e da liberdade, ou seja, alegando a
necessidade de impedir uma tal ditadura comunista que supostamente nos ameaçava,
mas ocultando sua atuação em favor da DITADURA DO GRANDE
CAPITAL PRIVADO INTERNACIONAL. A ditadura de ontem, portanto, não se estabeleceu
para garantir a liberdade que o pretendente a ditador de hoje menciona no
ridículo pedido de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que apresentou ao
STF – ver aqui.
Ditaduras não assumem compromissos com
liberdades, mas com arbitrariedades, prisões e mortes que, dependendo da
escala, podem ser definidas como GENOCÍDIO. As sabotagens verificadas em relação ao distanciamento
social, ao uso regular de máscaras, ao incentivo popular à vacinação, assim
como o não fechamento deliberado de contratos de compra antecipada de vacinas e o corte de despesas vitais para o socorro aos doentes nos hospitais (oxigênio,
kit entubação e outros) evidenciam não uma atuação incompetente e irresponsável,
mas práticas com viés claramente GENOCIDA da parte do estado central, que ainda
culpa as demais esferas (estaduais e municipais) por sua resistência em se unir
a ele nessas práticas criminosas.
As mortes praticadas pela ditadura de ontem ficaram impunes. O genocídio praticado no governo do pretenso ditador de hoje também ficará? Eis a grande questão histórica a ser respondida no futuro próximo.
Excelente questão final!!!
ResponderExcluirSe eu fosse cristão diria que não ficaria impune, apesar de, se eu fosse mesmo cristão, ter que acreditar no arrependimento e perdão. Como não me enquadro no caso, torço por julgamento e condenação. Porém, lanço uma outra questão: quais acordos terão que ser feitos para que isso se processe?
Qual justiça fará isso?
Meu amigo Fernando , não poderia ler melhor análise dsobre a calamidade que vivemos . Marilin Farias
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