O maniqueísmo, o berrante do vaqueiro e a vida de gado

 


por Fernando Lobato_Historiador

         O fascismo não chega ao poder sem uma estratégia maniqueísta para animar e mobilizar a massa que segue o líder de forma cega e irracional. O fascismo, via de regra, conquista o poder pela via eleitoral apelando para a intimidação e violência contra seus opositores, assim como para o uso sistemático de um forte aparato midiático para amplificar o instinto de manada na população. O maniqueísmo, portanto, está na origem de um projeto fascista de poder, assim como na manutenção da força e carisma do líder, que, por conta disso, assume uma condição "messiânica", na medida em que é vendida a tese de que, sem ele, as forças do "BEM" não são capazes de vencer as forças do "MAL".

     O líder fascista, portanto, é uma espécie de vaqueiro conduzindo uma boiada. A boiada, como sabemos, para ser conduzida, precisa ouvir o som do berrante do vaqueiro. O atual ocupante do Planalto chegou ao poder, assim como Trump nos EUA, dentro de um projeto fascista, ou seja, que tem por objetivo a destruição da democracia para  se perpetuar no poder. Sem a destruição da democracia, o fascismo não dura, pois a irracionalidade e a loucura que o caracteriza costuma unir contra si todos os que não fazem parte da boiada. As ações visando a intimidação e o acovardamento do STF e do Congresso Nacional, portanto, não fizeram parte da rotina deste governo por mero acaso (ver aqui  aqui   aqui   e aqui).

       A coesão da boiada depende do som que sai do berrante do vaqueiro. Na eleição de 2018, o "berrante" tocava a "ameaça comunista" representada pela volta do PT ao poder. Quando iniciou o governo, o "berrante" passou a tocar a ameaça representada pela suposta "aliança" do STF e do Congresso com os "comunistas". Depois que a tragédia e o caos se instalou no país por conta de uma "gripezinha" que desmoralizou o "vaqueiro" do Planalto, a boiada passou a ouvir um "berrante"  tocando que o STF  não o deixou agir, apesar de ter permanecido livre e solto para tomar as medidas que eram necessárias: incentivo ao uso de máscaras, adoção do isolamento social e compra antecipada de vacinas.

        Fascistas, conforme a História mostra, não respeitam a democracia e não dão valor à vida humana, razão pela qual não se importam com o genocídio que promovem.  O genocídio brasileiro prossegue no ritmo do galope do cavaleiro amarelo do livro do Apocalipse e o "berrante" do "vaqueiro" do Planalto não para de tocar. Ele anuncia que é preciso afastar o "MAL"  do lockdown em favor do "BEM" do ir e vir que faz a roda da economia girar, assim como o "MAL" do fechamento das igrejas e templos em nome do "BEM" representado por um "conforto espiritual" aglomerado no meio da maior pandemia da história. O STF, no som do "berrante do vaqueiro", mais uma vez, ficou do lado de "satanás" ao ficar do lado vida (ver aqui).

       A CPI é um instrumento da DEMOCRACIA para garantir que os crimes e mal feitos praticados por governantes inescrupulosos não sejam acobertados e fiquem impunes. O Legislativo, nas regras democráticas, tem o dever de fiscalizar o Executivo e a CPI é o instrumento constitucional para isso. Fascistas não aceitam tais regras porque não aceitam a própria democracia, de modo que, segundo o "berrante do vaqueiro", a decisão do ministro Barroso, do STF, - absolutamente fiel às regras democráticas - não é nada mais que "INTROMISSÃO INDEVIDA" (ver aqui). O som do "berrante" é maniqueísta porque a boiada precisa estar coesa para ser conduzida pelo "vaqueiro" do Planalto.  EITA VIDA DE GADO!!!!

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