Quando a COVID-19 fez sua primeira vítima fatal no
Brasil, dia 12 de março de 2020 (ver aqui), a Itália já registrava 1.016 mortos em apenas
19 dias (ver aqui).
Doze dias depois, em 24 de março, a morte de brasileiros já atingia o total de 47
vítimas, quase todas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e já se
prenunciava a repetição, entre nós, das cenas italianas de caixões enfileirados
aguardando sepultamento de forma rápida e apressada.
Nesse mesmo dia, o atual hóspede do Planalto
fez um pronunciamento atacando a imprensa pela "propaganda gratuita de pânico",
defendendo a continuidade da rotina apesar da circulação do vírus. Na fala do hóspede
do Planalto, o vírus só era uma ameaça mais séria para os acima de 60 anos.
Abaixo dessa idade, os efeitos, no máximo, seriam os de uma "GRIPEZINHA"
ou "RESFRIADINHO" e, já naquele momento, anunciava a CLOROQUINA como
solução do problema (ver aqui).
Três semanas depois desse discurso em rede
nacional, ou seja, em 16 de abril, quando quase 2.000 mortes já eram
contabilizadas, o hóspede do planalto demitiu o então Ministro da Saúde,
Henrique Mandetta, em face da sua insistência na defesa de medidas de
isolamento social e por não recomendar a CLOROQUINA como tratamento precoce da doença (ver aqui).
Antes e depois da demissão de Mandetta, o
hóspede do Planalto continuou sua cruzada incentivando a população para manter
sua rotina como se nada de mais grave estivesse acontecendo e se encarregando
de dar o mal exemplo de ir às ruas sem
máscara para aglomerar pessoas, apesar das suspeitas de que, já em março,
estivesse infectado pelo vírus (ver aqui).
Para ele, a disseminação do vírus era algo que
iria acontecer e que contaminaria, pelo menos, 70% da população, ou seja, cerca
de 149 milhões de brasileiros (ver aqui). Segundo dados de ontem, 13 de maio de
2021, tínhamos 15,4 milhões de contaminados com 430.596 mortes, ou seja, 2,79%
de letalidade. Se o anúncio do hóspede do Planalto vier a se confirmar, teremos
cerca de 4.157.100 mortes até o fim da pandemia, ou seja, quase 10 vezes mais
do que o número atual de vítimas fatais.
Eis a importância da CPI da COVID-19 em curso
no Senado Federal, visto que a conivência com a política genocida em curso já
foi longe demais e, se nada for feito para detê-la, nada nos assegura que o tamanho já enorme de nossa tragédia não será várias vezes ampliado, haja vista o desejo governamental de aglomerar sem limites. Pela fala recente de Paulo
Guedes, guru presidencial em matéria econômica, as mortes provocadas pela disseminação
da COVID-19 parecem fazer parte das metas a serem alcançadas pela política em
execução (ver aqui).
Essa tese faz sentido tendo em vista que, com
vários milhões de CPFs cancelados, se reduz bastante as despesas que Guedes,
como neoliberal ultrarradical, abomina: os gastos sociais. Essa redução se dá,
principalmente, porque a grande maioria das mortes por COVID-19 se dá entre as
classes mais pobres (ver aqui), e, além disso, ainda reduzem o gasto com aposentadorias.
O genocídio, portanto, funcionaria como uma espécie de Nova da Reforma da Previdência, mais eficiente ainda que a aprovada em outubro de 2019 (ver aqui), visto que a redução de gastos públicos ocorre de forma mais rápida, estando, portanto, plenamente de acordo com a orientação fascista desse governo.
Fascismo e genocídio, como historicamente sabemos, representam a cara e a coroa da mesma moeda, sendo a expressão do que as elites costumam fazer para defender o lucro de seus negócios. Em nome do lucro, apoiam e garantem a permanência no poder de criminosos da pior espécie (ver aqui).
Meu amigo, seu texto está entre os 5 melhores e mais sensatos que já li sobre esse assunto da Pandemia, pois foi escrito por um historiador brasileiro e conhecedor de nossa história política e social. Parabéns!
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